Psicologia et Al: Vibração Fantasma

Psicologia et Al: Vibração Fantasma

Este mês temos um desafio para ti: experimenta deixar o teu telemóvel no bolso até acabares de ler este artigo.


A vibração fantasma é um fenómeno psicológico que afeta grande parte da
população, principalmente a mais jovem. Este distúrbio constitui a falsa sensação do telemóvel estar a vibrar, sendo que o cérebro percebe um estímulo que na realidade não está presente (Pareek, 2017).


A vibração fantasma pode ser experienciada enquanto se toma banho, se vê
televisão ou qualquer outra atividade do dia a dia. As causas do desenvolvimento desta síndrome, são em grande maioria, o uso excessivo e a dependência do telemóvel, o modo vibração do mesmo, o stress, a existência de uma perturbação pós-traumática, ou até mesmo como o simples facto de manter o telemóvel no bolso durante muito tempo. Pode estar associada a doenças psicológicas, sendo que os principais sintomas são: stress psicológico, ansiedade, alucinações, depressão, déficit de atenção, sobre vigilância e agitação emocional (Pareek, 2017).


Apesar das vibrações fantasma serem definidas, em diversas fontes de informação, como sensações, vários investigadores defendem que estas pertencem ao domínio das perceções, ao resultarem da interpretação errada de estímulos sensoriais recebidos pelo córtex cerebral, sendo que não são somente experienciadas na forma de vibração, podendo a perceção das mesmas estender-se ao toque do telemóvel. Por conseguinte, as vibrações fantasma podem ser consideradas alucinações táteis desprovidas de um cariz psicótico (Rothberg et al., 2010). É de salientar que estas, apesar de estarem correlacionadas com a ansiedade e com perturbações depressivas (Lin et al.,2020), nem sempre se integram, necessariamente, num quadro patológico, uma vez que também ocorrem de forma comum em indivíduos mentalmente saudáveis (Rothberg et al., 2010). Neste seguimento, torna-se também oportuno fazer alusão à diferença central entre os conceitos de vibração fantasma e síndrome de vibração fantasma que reside na frequência característica dos mesmos. Ao passo que o primeiro pode ocorrer esporadicamente ou até mesmo uma única vez, o segundo requer ser experimentado de forma regular (Tanis at al., 2015). Contudo, é de enfatizar que a Síndrome da Vibração Fantasma não consta no DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) como uma doença (Goyal & Saini, 2019).


Vários investigadores afirmam que este fenómeno tem uma incidência mais significativa nês jovens já que, para estus, o telemóvel constitui um instrumento que proporciona gratificação através das várias fontes de entretenimento que oferece e potencializa o sentimento de integração na sociedade (Walsh et al, 2011, as cited in PhD). Além disso, alguns autores adotam uma perspetiva de cariz neurológico, ao defenderem que uma das
causas da elevada incidência nesta população reside no facto de ês mais jovens terem uma plasticidade cerebral superior à dês adultos, o que faz com que estus possam ser mais propensos a experimentarem este tipo de alucinações (Rothberg et al., 2010, as cited in PhD). Por sua vez, Goyal (2015) afirma que a consciência e a resposta emocional às mensagens de jovens estudantes constituem fatores que afetam a frequência com que as vibrações fantasma ocorrem. Deste modo, aquelus que são mais conscientes e atribuem uma maior importância às mensagens são mais suscetíveis a experienciar estas vibrações com uma maior regularidade (Goyal, 2015). Algo curioso é o facto de ês profissionais de medicina fazerem parte da população onde a ocorrência de vibrações fantasma se verifica de forma robusta, o que acontece, provavelmente, devido ao cariz urgente característico das mensagens que, habitualmente, ês mesmos recebem (Rothberg et al., 2010, as cited in Tanis et al., 2015).


Se já leste até aqui e sentiste que o teu telemóvel vibrou, mas foste verificar e não tens nenhuma notificação, podes estar a passar pela síndrome da vibração fantasma.


De forma a ser possível obter uma redução nos sintomas característicos da
síndrome de vibração fantasma, podemos te recomendar algumas estratégias simples de coping que podem ser implementadas e que se focam maioritariamente, na mudança de hábitos que incorporam o estilo de vida dês indivíduos. Estas estratégias consistem, por exemplo, em utilizar com menor frequência o telemóvel, definir novos sítios para colocar o mesmo ou não utilizar o modo vibração como sinal de alerta (Goyal & Saini, 2019).

Nota: Neste artigo os autores optaram pela utilização de uma linguagem neutra, sobretudo em pronomes.

Este é o espaço do Núcleo de Estudantes de Psicologia, que resulta de uma parceria com o teu jornal académico – O Torgador. Se também gostavas de protagonizar o teu espaço no jornal académico sobre temas relevantes para a academia, contacta-nos através de direcao@otorgador.pt.

Este artigo teve como referências bibliográficas:


Pareek, S. (2017). Phantom Vibration Syndrome: An Emerging Phenomenon. Asian Journal of Nursing Education and Research, 7(4).
https://www.researchgate.net/publication/325714750


Rothberg, M., Arora, A., Hermann, J., Kleppel, R., Marie, P., Visintainer, P. (2010). Phantom vibration syndrome among medical staff: a cross sectional survey. Bmj, (34).
https://doi.org/10.1136/bmj.c6914


Goyal, A., Saini, J. (2019). The phantom syndrome. Indian J Soc Psychiatry, 35(2), 102-107.
https://doi: 10.4103/ijsp.ijsp_63_18


PhD, A. (2015). Phantom vibration and phantom ringing among mobile phone users: A systematic review of literature. Asia-Pacific Psychiatry, 7(3), 231-239.
https://doi.org/10.1111/appy.12164

Goyal, A. (2015). Studies on Phantom Vibration and Ringing Syndrome among Postgraduate Students. Indian J Comm Health, 27(1), 35-40.
• Nota: não tem DOI

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