O “sair de casa”

O “sair de casa”

Depois de todo este tempo em cativeiro, sem festas e sem convívios com o Mundo, estamos finalmente a entrar numa fase em que podemos e devemos usufruir de tudo aquilo que nos foi tirado durante estes dois anos de pandemia.

Os festivais de Verão regressaram este ano a Portugal e não é preciso concentrarmos muito a nossa atenção neste fenómeno para perceber a quantidade de oferta que existe para todos os gostos e carteiras. Em cada canto do Mundo, muitos serão os motivos para sair de casa, dançar e conviver o máximo possível em grupo. Aliás, é um cenário que se repete ano após ano, exceto recentemente por culpa da pandemia que se vem acentuando cada vez mais. Dizem por aí que uma das principais razões para termos uma agenda carregada de concertos e diversão relaciona-se com o estado do tempo e com a nossa segurança, mas também por estarmos habituados a desenvolver dinâmicas para o turismo.

Pessoalmente sempre fui adepta de grandes concentrações de pessoas. Sinto que conseguimos comunicar melhor em grupo e com mais facilidade. Para além disto, acredito que aprendemos muito mais com pessoas de todo o mundo, diferentes a nós, do que sozinhos e com uma rotina monótona.

Mas claramente que existem exceções. Irrita-me que me empurrem. Irritam-me as filas grandes para ir à casa de banho. Irrita-me que as pessoas se coloquem à minha frente, sendo que são maiores que eu. Irritam-me os preços altos e injustificados. Irrita-me sentir-me apertada no meio da multidão. Irrita-me que não se saibam comportar em público. Irrita-me que me queimem com a ponta do cigarro. Tudo me irrita se não for como eu estava à espera ou como eu quero. Mas a essência destes ambientes é mesmo assim. “Montes” de pessoas à procura do melhor lugar, da melhor oportunidade e de um dia inesquecível… Afinal, estamos ali todos para o mesmo, seja de que maneira for.

De acordo com a linguagem corrente, “é a minha cena”, “é a nossa cena”, desde que nos sintamos felizes onde estivermos. Falando por experiência própria, este mês fui a um festival e não há nada melhor do que nos sentirmos bem ao apreciarmos a arte que é a música, a dança e ver os artistas a darem tudo de si depois de tempos complicados. No final das contas, voltei para casa satisfeita, feliz, de forma rápida e completamente segura. Neste caso, é tudo o que mais importa!

Inês Silva