Organizado pelo Sindicato Nacional do Ensino Superior (SENSup), o evento decorreu na manhã de 28 de fevereiro no auditório B0.02 do Complexo Laboratorial e contou com a participação de representantes dos partidos políticos LIVRE (L) e Bloco de Esquerda (BE).
Com direito a público presencial e online, o primeiro a tomar palavra foi o representante da SENSup, expondo dificuldades e objetivos a seguir para a melhoria do Ensino Superior atual. A própria discussão do tema aparenta-se complicada, dado que partidos como o PSD, o PS e a IL também foram convidados a participar mas recusaram.
Seguindo o propósito do evento, a representante do BE por Vila Real, Anabela Oliveira, demarcou a necessidade da existência de planos para estudantes deslocados, de um maior controlo das rendas, a abolição de propinas e da revisão dos sistemas de bolsas e propinas, entre outras medidas presentes no programa eleitoral do partido.
Alertou ainda para os níveis correntes de assédio moral e também sexual em meio académico e para a redução da qualidade de vida e de trabalho dos docentes – contexto que a própria reconhece bem, sendo docente há vários anos.
Por sua vez, o Livre apresentou-se com a cabeça de lista por Vila Real, Mila Simões Abreu, e também pelo porta-voz Rui Tavares. Concordando com a generalidade do apresentado pelo BE, Rui Tavares refere como as “universidades e politécnicos fazem crescer as cidades” e avisa para a possibilidade de alteração futura dos fundos europeus que Portugal recebe (de Coesão) devido à entrada de outros países na União Europeia, defendendo a alteração do modelo de financiamento das instituições de ensino superior e a criação de um Fundo Estratégico para o Ensino Superior. “Tudo foi criado por humanos como nós, tudo pode ser reinventado. A luta vale a pena”, afirma Rui Tavares.
“A política não tem entrado nas universidades”, afirma Mila Simões Abreu, denotando a falta de participação académica e do incentivo ao pensamento crítico – nem a UTAD nem a AAUTAD marcaram presença neste evento, com todos os envolvidos a lamentar este facto. “Precisamos dos estudantes e dos professores para continuar a democracia”, reitera, salientando o desinteresse jovem pela política.
Questionado pel’O Torgador pós-debate sobre uma possível penetração do L nas regiões interiores como Vila Real e Bragança, Rui Tavares admite “orgulho” nas candidatas a estes distritos e refere como o património e o conhecimento locais são “fatores de desenvolvimento”, destacando o Mirandês, o combate à desertificação do interior e o desejo que “as barragens pagassem o seu IMI”.
O debate ficou marcado pela presença assídua de comunicação social nacional e regional e da comitiva do LIVRE em detrimento da comunidade académica profissional e estudantil, fruto da fraca divulgação do evento.
Texto: Joaquim Duarte
Imagem: Carlos Pereira Cardoso