O novo álbum dos Slowdive é um túnel brilhante sem fim à vista

O novo álbum dos Slowdive é um túnel brilhante sem fim à vista

Os Slowdive decidiram, finalmente, presentear-nos com um novo álbum neste final de verão como uma lufada de ar fresco no nosso ano.

Ao longo destes últimos meses foram nos prometendo um disco leve, calmo e transcendente, tal como foi o seu antecedente, autointitulado Slowdive, através dos singles kisses e skin in the game. Desta forma, criaram altas expectativas na comunidade de fãs e os mais atentos ao cenário do shoegaze, que aguardavam com ânsia o everything is alive.

Nos anos 90, os efeitos nas guitarras eram predominantemente mais barulhentos e, consequentemente, encaixavam a banda na nova onda do shoegaze. Foi em Souvlaki que os Slowdive criaram a sua obra-prima e até os dias de hoje são considerados como um dos pioneiros desta estética sonora marcada pela manipulação do som limpo de guitarra através de imensos pedais de efeitos. 

Embarcar nesta viagem de cerca de 40 minutos foi, inicialmente, uma experiência satisfatória, que conseguiu confirmar o que se estava à espera de ouvir da banda britânica, já que para muitos era o disco mais esperado deste ano. Shanty, a faixa de abertura do álbum, é uma peça que nos transporta para os anos 90 onde os Slowdive nos premeiam com as habituais guitarras cheias de distorção misturadas com uns toques gentis de sintetizadores, que completam de forma exemplar o início deste álbum.

Tudo começa a piorar a partir daqui. O álbum perde o seu foco inicial e acaba por se reduzir a várias faixas com excelentes ideias e sons agradáveis ao ouvido, mas nada mais que isso. Os Slowdive tentam traçar um caminho, mas acabam por não encontrar o sítio onde pretendiam chegar. De facto, as ideias estão lá e sente-se a vontade dos membros da banda a querer fazer algo de diferente dos discos anteriores, mas acabam por cair no erro de ficar raso de ideias.

Por outro lado, são os singles lançados ao longo do ano e a música de encerramento do álbum que, de certa forma, tornam a experiência deste projeto não tão cansativa, visto que proporcionam uma boa fluidez dentro da lista de faixas. É com kisses, que é pessoalmente a melhor música do álbum, que a banda mostra que este novo lançamento tinha todo um potencial a ser explorado, mas acabou por não dar resultado. Esta é uma música cativante, nostálgica e demonstra que foi feita com bastante sensibilidade e paixão pelos membros da banda.

Para a comunidade de fãs dos Slowdive, penso que, de certa forma, este projeto acaba por ser uma desilusão porque as expectativas estavam bastante altas e toda a gente esperava algo mais complexo e arriscado. Porém, posso dizer que houve certas alturas em que a mensagem foi bem transmitida, tanto como a experiência em geral foi positiva. Este não será um bom disco para quem está a ser introduzido a este estilo musical, mas sim para quem já conhece um pouco do trabalho dos músicos e quer recordar o que é o típico som da banda.

Rating – 3,7 / 5

Tiago Nogueira