Desigualdade de oportunidades: A luta da Mulher

Desigualdade de oportunidades: A luta da Mulher

Ao longo de vários anos, a mulher desempenhou funções que se cingiam apenas à esfera privada, sendo que o seu papel consistia no ato de cuidar des filhes, do marido e de todas as tarefas de cariz doméstico. Por sua vez, as funções associadas à produção de bens e tomada de decisões centrais referentes à ordem pública são historicamente estigmatizadas como pertencentes à esfera de competências masculinas. De igual modo, foi outorgada ao indivíduo do sexo masculino uma aparente representação de força, virilidade e segurança social (Salvagni & Canabarro, 2015). 

A educação da mulher remetia para um sentido de excelência referente ao papel que possuía enquanto dona de casa, mãe e esposa perfeita, colocando-a numa situação de dependência relativamente ao homem. Habitualmente, o principal objetivo da mulher era o casamento e a formação de uma família, uma vez que o homem era o sustentador potencial. Não obstante a contínua existência desta realidade em alguns lares, as últimas décadas têm sido marcadas pelas análises descritivas e explicativas das alterações no perfil da força de trabalho exercido pelas mulheres (Salvagni & Canabarro, 2015). 

No decorrer dos anos, o estereótipo feminino foi alvo de uma considerável transformação e as mulheres iniciaram a sua ocupação no mercado de trabalho, tendo de provar que possuem tanta capacidade e competência quanto os homens para desempenhar funções fulcrais no interior de uma organização. Ademais, ao longo do tempo, as mulheres têm vindo a revelar cada vez mais as suas competências e capacidades no que toca a aspetos relacionados com liderança e gestão, contribuindo deste modo para a disseminação do estigma integrado nas sociedades (Menda, 2004). No entanto, a progressiva ocupação de cargos de trabalho por parte das mulheres e a luta permanente pela obtenção dos seus direitos, rompendo paradigmas, procurando reconhecimento e igualdade, obtendo um maior grau de estudos, desenvolvendo atitudes e habilidades, prestando mais atenção à atmosfera dos negócios, exigindo respeito em relação ao seu reconhecimento enquanto cidadã, ainda não se manifestam suficientes no combate à desigualdade de género nas relações laborais (Salvagni & Canabarro, 2015).  Assumindo as assimetrias e desigualdades ainda presentes na sociedade, a fomentação da igualdade traduz-se, de modo geral, na emancipação da mulher (APF, s.d).

A justiça social e os direitos humanos remetem para uma igualdade entre mulheres e homens, sendo crucial para a promoção da paz e do desenvolvimento. É, portanto, importante percebermos que a igualdade de género impõe princípios na comunidade, princípios esses que exigem que haja acesso igualitário às mesmas oportunidades, por parte da mulher e do homem, bem como, a direitos, a deveres, e a rendimentos nos mais diversos contextos. Neste sentido, devem possuir as mesmas oportunidades de aceder a serviços de educação, de trabalho, de saúde e de poder (APF, s.d).

Atualmente, ainda existem muitas desigualdades entre homens e mulheres como todos sabemos. Estas assimetrias podem ser divididas em dois grandes tipos: a segregação horizontal que se baseia na educação e na carreira da mulher, ou como a distinção entre “trabalhos de mulheres” e “trabalhos de homens”; e a segregação vertical que define basicamente a maior dificuldade no acesso a funções superiores, comparativamente aos homens (Monteiro, 2005). 

O fosso salarial entre géneros mostra que as mulheres recebem menos, em média, por mês do que os homens, sendo este um exemplo de como as diferenças de género associadas aos mais diversos aspetos da vida das mulheres ainda existem. Homens e mulheres reconhecem ambos que têm diferentes oportunidades de emprego e educação, sendo que as mulheres têm tipicamente menos oportunidades de educação e carreira devido às obrigações familiares. À luz disto, é evidente que, para alcançar a tão desejada igualdade de género, é crucial pôr em prática políticas que alterem as mentalidades (Parlamento Europeu, 2022).

Referências

Canabarro, J. R., & Salvagni, J. (2015). Women leaders: The gender inequality, career and family in work organizations. Revista De Gestão E Secretariado (Management and Administrative Professional Review), 6(2), 88–110. https://doi.org/10.7769/gesec.v6i2.347 

Igualdade de Género (s.d). Associação para o Planeamento da Família. apf.pt. http://www.apf.pt/violencia-sexual-e-de-genero/igualdade-de-genero.

Menda, P. B. (2004). Análise da dicotomia sofrimento e prazer na função gerencial feminina. [Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-graduação em Administração, UFRGS, Porto Alegre, RS, Brasil]. 

Monteiro, R., Agostinho, L., & Daniel, F. (2015). Um diagnóstico da desigualdade de gênero num município em Portugal: estruturas e representações. Revista de Administração Pública, 49, 423-446.

Parlamento Europeu (2022, março, 30). Perceber as disparidades salariais entre homens e mulheres: Definição e causas. Europarl.europa.eu. https://www.europarl.europa.eu/news/pt/headlines/society/20200109STO69925/perceber-as-disparidades-salariais-entre-homens-e-mulheres-definicao-e-causas#:~:text=O%20fosso%20salarial%20%C3%A9%20a%20diferen%C3%A7a%20entre%20a,dez%20ou%20mais%20funcion%C3%A1rios%20s%C3%A3o%20contabilizadas%20nestes%20c%C3%A1lculos.