Depois do sucesso do filme de 2018 (“The Nun – A Freira Maldita”), chegou a altura de testemunharmos “o ser mais sombrio do universo de The Conjuring – A Evocação” mais uma vez em ação na tão aguardada sequela.
Quatro anos após os eventos do primeiro filme, a irmã Irene (Taissa Farmiga) é indicada pelo Vaticano a investigar um estranho assassinato de um padre na França mas acaba por cair novamente nas garras de Valak (Bonnie Aarons), a freira demoníaca.
Este é o oitavo filme do universo do Universo de The Conjuring – A Evocação, iniciado em 2013 criado e produzido pelo novo destaque do cinema de terror atual, James Wan (diretor de “The Conjuring – A Evocação”, “Insidious – Insidioso”; e “Saw – Enigma Mortal”). Como fã desta saga de filmes devo admitir que a mesma está a chegar a uma certa saturação, e tanto este filme como o seu antecessor demonstram isso. Mas adianto já que este filme tem a proeza que muitas sequelas não tem, no caso, serem melhores que o primeiro filme.
Diria que a melhor maneira de falar deste filme é dividindo-o em três partes: 1º ato, 2º ato e 3º ato.
O 1º ato apresenta uma das cenas mais impactantes de todo o filme, a cena de abertura. É incrível como o terror psicológico conseguiu predominar em toda a cena sem precisar de recorrer a uma imagem nítida da freira demoníaca. De seguida, somos introduzidos à irmã Irene e a outros personagens que, através de um diálogo muito expositivo, relatam os eventos do filme anterior, demonstrando que o filme não se sustenta sozinho e que necessita que expectador tenha assistido o seu antecessor.
É no 2º ato que filme começa a azedar, pois apesar de o diretor Michael Chaves (de “The Conjuring 3 – A Obra do Diábo”) conseguir demonstrar com subtis toques que a entidade demoníaca está à solta e que é omnipresente, a falta de criatividade da direção nas várias tentativas de assustar a audiência através dos famosos jumpscares fica clara à medida que os momentos de terror se intensificam. O argumento de Akela Cooper (de “Maligno”) tem os seus altos e baixos, demonstrando conveniências a favor dos personagens principais juntamente com algumas gafes, ao mesmo tempo que desenvolve a mitologia da saga e avança com a história para um caminho, no mínimo, satisfatório.
No 3º ato ocorre a épica batalha final sucedida de alguns bons momentos aterrorizantes, por outro lado senti que Michael Chaves tornou este filme de terror num filme de super heróis da Marvel, algo que também aconteceu com o seu último projeto (“The Conjuring 3 – A Obra do Diábo”). Além disso, o filme ficou com uma resolução muito rápida e fácil para o seu grande problema, demonstrando mais uma fraqueza no argumento de Cooper.
Analisando o projeto como um todo posso dizer que o grande destaque são as atuações e a direção de arte e fotografia, mantendo a principal qualidade do primeiro filme, uma vez que ajudam imenso em ambientar o expetador na atmosfera sombria do filme.
Outro triunfo deste capítulo foi o abandono do alívio cómico, elemento que estava muito presente no filme anterior e que acabou por o atrapalhar a instaurar o terror.
Taissa Farmiga como irmã Irene consegue roubar a cena sempre que aparece, até diria que o filme ganha mais força sempre que a acompanhamos. Storm Reid (da série Euphoria) está muito bem no seu papel apesar de o argumento não ser muito generoso com ela. Jonas Bloquet teve uma melhoria significativa face ao filme anterior graças ao melhor argumento, e a sua relação com a personagem de Katelyn Rose Downey despertam instantaneamente empatia na audiência. Bonnie Aarons continua a fazer jus à terrorífica freira demoníaca apresentada pela primeira vez em “The Conjuring 2 – A Evocação”.
Desta forma, “The Nun – A Freira Maldita II” acaba por se tornar um filme ameno que serve para um bom entretenimento, podendo frustrar aqueles que se estão à procura de terror mais rico e não tão voltado para sustos baratos.
De 0 a 5, 3; de 0 a 10, 6.
Texto: Ivo Pereira
Imagem: Joaquim Duarte