O sufoco da irreversibilidade

O sufoco da irreversibilidade

Um mundo, só um mundo

Submerso pela ignorância humana,

Convertido em crenças inalienáveis,

Fomentada pela vontade de seres.

Seres que divagam, que agem,

Agem a partir de quê?

De si próprios? Da sua ínfima vontade?

Originados e provenientes de tribos e povos

Difundem-se como colmeias ou rebanhos

Fúteis e invencíveis, porém, incapazes de se reconhecer.

Vivem num tempo que não o seu.

Vivem e recordam aquilo que lhes move.

Sugam a bondade, considerada o bem para a humanidade.

Acalmam a sua alma com pensamentos,

Confusões psicológicas, somente confusões.

Dão-lhes alimento, sobrevivem pelas cinzas,

Apercebem-se, tardiamente, do sucedido.

E agora? Tudo pára ou tudo muda?

O sucesso penetra-se num só corpo.

Inúteis, completamente desfavorecidos,

Intensificam o sofrimento e o desejo da morte.

Calam-se ao apanhar o mundo despercebido,

Investem infinitamente em si, e o outro?

Galopantes e revestidos daquilo,

Aquele veneno pesticida que se prolifera 

A uma velocidade totalmente incontrolável.

Que perceção têm aqueles que fundaram o cérebro?

De que a vida é um sopro? De que viver é acreditar numa só possibilidade?

Olho em meu redor, meramente olho,

Aliás, basta observar e retiro a maior das conclusões

Pela sua dificuldade em digerir o tanto.

Que homens prazerosos sentem a poderosa superioridade linear ao desprezo!

A maior preocupação é viver. Viver na mentira? 

O dia põe-se. A noite assombra a naturalidade dos tempos. Deste que se torna soberbo. Súbdito a um ser. Ao Homem. A ti, a nós, aos demais. Loucos aqueles que falam sobre o tema. Tolos aqueles que proferem a solução. Um mundo, um só mundo, agora natural. 

Alberto Couto