The Atomic Bitchwax e Yawning Man: o line-up improvável em concerto no Hard CLUB (FOTOGALERIA)

The Atomic Bitchwax e Yawning Man: o line-up improvável em concerto no Hard CLUB (FOTOGALERIA)

Nesta que foi a primeira aventura do “Alternador” no Hard Club, e também em estreia neste registo sem suporte de áudio para me ajudar com as palavras, decidi marcar presença em mais um evento da Garblyl Lives, promotora do festival Sonic Blast. Longe da Praia da Duna do Caldeirão, mas ainda mais perto dos artistas do que no festival que acontece na segunda semana do mês de agosto, apanhei pela minha primeira vez os americanos Yawning Man e The Atomic Bitchwax, a 8 de outubro.

Atualmente em tour europeia, que se prolongará até final do mês de outubro, estas duas formações cruzaram-se no Porto num só cartaz capaz de preencher a sala mais pequena do Hard Club a um domingo à noite.

Foram os Yawning Man que abriram o evento com as harmonias progressivas e amplas que têm conquistado o público desde o (já tardio) primeiro lançamento, “Rock Formations”, em 2005. Tardio porque a banda foi formada em meados dos anos 80 no estado da Califórnia. Com formações distintas ao longo da sua história, mas nos últimos anos num formato já clássico do rock – baixo, bateria e guitarra -, Yawning Man foram dos grupos mais influentes do panorama do desert rock. Yawning Man contam até à data com 9 LPs e inúmeros EPs e demos, muitos deles sem qualquer edição, gravados nos anos das “generator parties”.

As jams no meio do deserto, nos primórdios de Yawning Man, foram ganhando cada vez mais notoriedade e, consequentemente, influenciaram inúmeros músicos. Josh Homme, John Garcia e Brant Bjork, membros de uma das maiores bandas de stoner rock Kyuss (1987 – 1995), foram alguns dos nomes que surgiram após estas sessões e que deram origem a projetos importantes como Queens Of The Stone Age, Them Crooked Vultures, Fu Manchu, Eagles Of Death Metal, entre outros.  

Pessoalmente, conheci tarde Yawning Man. Foi apenas com o disco “The Revolt Against Tired Noises”, de 2018, e mais concretamente com o concerto de promoção desse mesmo título, no Woodstock 69, também no Porto, apoiados pelos Witch Sin – banda minha conterrânea – que comecei a prestar mais atenção a Yawning Man que, dentro do subgénero, sempre me despertou muito interesse e curiosidade para ouvir e ver ao vivo.

Gostei do concerto, não me interpretem mal daqui para a frente, contudo, Yawning Man foram vítimas dos seus últimos lançamentos e, principalmente, do “set and setting” proporcionando pela organização do evento. Se por um lado Yawning Man me fizeram sentir a flutuar, calmamente, por entre as melodias e harmonias entregues pelos senhores das cordas, The Atomic Bitchwax levaram-me a um clímax completamente diferente daquele que estava à espera depois da viagem do primeiro concerto. E assim foi. The Atomic Bitchwax abafaram a proposta musical trazida por Yawning Man.

Enquanto antes tinha sido nocauteado com anestesia, desta vez, com The Atomic Bitchwax, levei uma autêntica sova de “good ol’ Rock n Roll”. Este trio é composto pelo membro fundador Chris Kosnik, que domina o baixo e parte da composição e vocalização das músicas, Bob Pantella, exímio baterista, e Garret Sweeny na voz e na guitarra, com riffs que fazem lembrar os primeiros discos de Clutch. Neste concerto revisitaram faixas do último disco “Scorpio”, lançado em agosto de 2020, altura que devido à pandemia estavam impedidos de o tocar ao vivo, mas também tocaram músicas compostas ainda nos anos 90. Até hoje, a banda tem 10 títulos, entre eles álbuns e EPs. O primeiro disco de Atomic Bitchwax saiu, em 1999, através da consagradíssima editora Tee Pee Records, com quem trabalham ainda hoje. O acervo desta editora vai desde os californianos Earthless aos suecos Graveyard.

The Atomic Bitchwax vieram da Nova Jérsia e tocam desde 1991. A velocidade e a forma como atuam ao vivo remetem, claramente, para a história de Hardcore e Punk Rock da East Coast americana, nomeadamente de Nova Jérsia, contudo, com as inspirações de rock psicadélico e rock progressivo dos anos 60 e 70 eles encontraram uma fórmula, que embora não seja inédita, é ideal para me fazerem – a mim e aos sensíveis às frequências de stoner – saltar durante mais de uma hora.

Pedro Esteves