Data: O início de uma nova era da música latina

Data: O início de uma nova era da música latina

Este é, sem sombra de dúvidas, o melhor álbum mainstream de faixas faladas completamente em espanhol do ano. Até à Data, não se encontra um trabalho conceptualmente tão bem definido e com uma produção exímia como este. Tainy, artista que acompanho já há algum tempo, promete abrir novos horizontes ao reggaeton com o lançamento deste álbum.

O produtor e compositor porto-riquenho lançou este projeto em junho de 2023, apesar de o primeiro single, com Bad Bunny, ter sido apresentado ao público em 2021. Feito em colaboração com os maiores cantores da indústria, identicamente ao que fez o produtor Metro Boomin com o álbum “Heroes and Villains”, foi criada uma fusão de vários estilos musicais como o reggaeton, trap e synthpop. Este é um projeto que incorpora, na sua maioria, um sentimento de verão e de festa como os pioneiros sempre nos habituaram.

O projeto começa da melhor maneira possível com um ritmo mais incisivo, escolhendo instrumentais de Hip Hop que fazem lembrar alguns dos beats mais conhecidos do Kanye West. É com “PASIEMPRE” que a produção e o mix da música se destacam e onde se nota o toque artístico de Tainy, juntando mais de cinco participações numa faixa só, encontrando a inesperada sinergia entre Arca e Bad Bunny.

De facto, pode-se afirmar que Tainy fez all-in neste álbum. Usando toda a sua liberdade criativa, criou um projeto em nome próprio, no qual conseguiu criar músicas mais experimentais, enveredando por estilos nunca explorados pelo mesmo. Por exemplo, com os instrumentais de “MOJABI GHOST” e “mañana”, o produtor mostra um lado do seu som inspirado na música indie; já no caso da música “VOLVER”, conta com a famosa colaboração de Skrillex acompanhado de um sample do lendário Four Tet.

Se por um lado as participações ao longo do projeto parecem ter sido escolhidas de forma rigorosa, outras são simplesmente descartáveis. A presença de Mora e Ozuna poderiam muito bem terem sido cortadas da lista de músicas do disco, já que não acrescentam nada ao projeto e não o tornam automaticamente tão longo e cansativo.

Para fechar com chave de ouro, a música “PARANORMAL” é de longe a melhor música do projeto, onde se destaca sobretudo a produção de Tainy e a sua sensibilidade auditiva, que com primazia criou uma atmosfera sombria através da tonalidade dos sintetizadores e usou de forma a satisfazer toda a jornada vivida pelos ouvintes até ao momento.

Diferente, arrojado e vanguardista são os adjetivos que parecem mais adequados para sintetizar todo o álbum e o trabalho executado por todos os artistas envolvidos. Esta será também uma ajuda enorme para acabar com alguns preconceitos de que o reggaeton não é levado a sério na indústria e com certeza não será a última vez que iremos ouvir falar do Tainy.

Rating – 4,4 / 5

Tiago Nogueira