Salvador Sobral atuou no Grande Auditório do Teatro Municipal de Vila Real

Salvador Sobral atuou no Grande Auditório do Teatro Municipal de Vila Real

Este sábado, dia 7 de maio, Salvador Sobral voltou à cidade vila-realense para apresentar o mais recente álbum “bpm” lançado em maio de 2021. Para além deste disco publicado no ano transato, o músico, neste concerto, deambulou pela discografia e interpretou também músicas presentes no álbum “Paris, Lisboa”.  

O concerto teve uma duração bem mais longa do que se estava à espera, algo que não surpreende visto que é um concerto de jazz. No entanto, não se pode definir este concerto, reduzindo-o a um só estilo, como um “concerto de Jazz”. Como existiram diversos momentos de improviso, os quatro músicos em palco pisaram linguagens musicais de diversos géneros. Ouviram-se momentos que soavam a rock progressivo, de alguma forma, blues, rap – como o cantor costuma vocalizar diversas vezes ao vivo -, bossa nova e pop rock. O concerto terminou com esta vertente mais pop. Foi na última música, tal como o é no disco, “bom vento” em que o cantor se desligou inteiramente do palco e foi cantar para a plateia, percorrendo o auditório até à mesa de som.

A proximidade entre o Salvador Sobral e o público foi sempre vincada entre as paragens e mudanças de músicas ou alinhamento em palco. Com um sentido de humor bastante característico e a capacidade de falar múltiplas línguas, Salvador confessou logo à terceira música que sentia que o público já estava “conquistado”. Também em jeito de confissão, Salvador Sobral proferiu, ainda no início do concerto, palavras que não só demonstram humildade, mas também alguma audácia: “Este novo disco é mau, mas ao vivo é bem mais divertido”.    

Em palco, Salvador Sobral estava acompanhado pelo guitarrista André Santos, pelo baterista Bruno Pedroso e pelo pianista sueco Max Agnas. De estranhar foi a ausência de contrabaixista, no entanto, esta ausência foi colmatada de forma exemplar pelo guitarrista, com recurso a uma guitarra barítona, que permite ao guitarrista chegar a notas mais graves, e também pelo teclista. O sueco Max Agnas usou alguns pedais de efeitos e um sintetizador no qual ia tocando as notas mais baixas com a mão esquerda, fazendo lembrar a técnica utilizada por Ray Manzarek da banda californiana The Doors.  

Para além da música propriamente dita, o espetáculo teve também um apoio fundamental das luzes e do silêncio da plateia. Com várias luzes apontadas para cada músico e com várias formações ao longo do concerto, quarteto, duo ou solo, a atuação de quase duas horas foi bem ritmada e sem momentos monótonos conjugando assim partes barulhentas e pesadas com as mais silenciosas e acústicas.

Esta foi a terceira vez que Salvador Sobral atuou em Vila Real, tendo já atuado no Grande Auditório e no Palco Exterior, em 2018.

Pedro Esteves

Imagem: Pedro Esteves

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