Cabras “sapadoras” na prevenção dos incêndios em Portugal

Cabras “sapadoras” na prevenção dos incêndios em Portugal

A problemática dos incêndios marcou bastante o verão passado, destruindo vários hectares de floresta em Portugal continental. A resolução deste problema parece difícil para todos os que tentam arranjar medidas para tornar o nosso país mais verde.

Ana Catarina Fontes, licenciada recentemente em Engenharia Zootécnica, é uma das impulsionadoras da mudança que necessita de ocorrer a nível florestal em Portugal. O projeto designado por “Gestão de combustíveis florestais com recurso a cabras sapadoras”, cujo objetivo principal “consiste em colocar animais – que estão no local desde terça-feira – num terreno pertencente à câmara municipal e avaliar a capacidade de limpeza desses mesmos animais naquele terreno”, afirma a investigadora, teve início esta quinta-feira, dia 15 de março.

A parceria da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e Associação de Desenvolvimento Rural Integrado das Terras de Santa Maria (ADRITEM) irá permitir o desenvolvimento desta iniciativa que pretende “avaliar, ao longo do tempo, a quantidade de matéria combustível naquele terreno”, análise que será feita semanalmente de modo a retirar conclusões. Estas últimas assentarão em números relacionados com a quantidade de matéria combustível no hectare de terreno onde prosseguirá o estudo e também com a quantidade ingerida pelos animais “sapadores”.

A utilização de novas tecnologias como drones possibilitará a captação de imagens aéreas da área em estudo, com vista na elaboração de um algoritmo passível de contabilizar a “quantidade [de matéria combustível] que exista noutros terrenos”. Assim, será possível averiguar a qualidade dos terrenos, considerando a sua limpeza ou necessidade de intervenção.

Lembrando as penalizações aos proprietários, comunicadas pelo Governo em situações de não limpeza dos terrenos, a técnica responsável pelo projeto sublinha que a preocupação com a limpeza das áreas privadas deve perdurar e não se restringir ao período obrigatório para esse efeito, sendo os rebanhos uma boa opção, dado que “podem manter os terrenos limpos todo o ano”, defende Catarina Fontes.

Emídio Sousa, presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, onde se realizará o estudo, demonstrou apoio total para esta iniciativa que, segundo ele, consistirá na solução mais ambientalista e eficiente, tendo em conta o declive de certos terrenos e a capacidade das cabras em resolver esta última questão.

Beatriz Cerqueira

Fotografia: Nuno André Ferreira/Lusa