Pensamentos surgem sentada nas escadas de um dos edifícios mais emblemáticos da cidade. É de noite, o mar esta calmo e o céu estrelado. Levanto a cabeça, olho o céu, e percebo. Sou tão pequena.
Nesta imensidão que é o Universo quem somos mesmo? Algo tão pequeno que não tem a mínima importância ou relevância. Humanos, espécie humanoide, com pensamentos e raciocínio, com gostos e opiniões, julgamentos e sonhos. Mas porquê? E para quê?
Esta minha fixação com o Universo e com tudo o que a ele é associado, inclusive as teorias da conspiração, os medos e receios aliados à curiosidade, fez com que desde cedo percebesse o meu lugar. Sou só uma pessoa no meio de mais de sete biliões de pessoas iguais a mim. O que é que me faz destacar? A minha personalidade? Moldada ao longo dos anos e de acontecimentos que envolvem terceiros, cientificamente provado que desenvolvemos características semelhantes às pessoas que nos são mais chegadas, onde é que a personalidade é mesmo minha? Os meus sonhos? Pelos menos a maioria dos que estuda o mesmo que eu, têm “o sonho”.
Quem sou eu? No meio das estrelas, quem sou? Algo tão pequeno, tão complexo, tão completo quanto o Universo. Somos parte de um sistema composto por animais, plantas, ar, água, terra, ar, um planeta dentro de um sistema solar, dentro duma galáxia, dentro de um Universo. Quem somos?
Somos pequenos aos olhos dos que estão lá fora a espera de serem descobertos por nós. Somos pequenos aos olhos do que uns chamam “Deus”, outros “Universo”, outros “algo superior”. Somos pequenos comparados com os nossos grandes. Personalidades, ricos, influentes. Somos pequenos comparados com quem tem mais anos que nós. E quando é que somos grandes?
Somos grandes quando, mesmo que não propositadamente, nos destacámos pela positiva. Quando damos mais de nós aos outros mesmo quando não nos pedem, nem merecem. Somos grandes quando percebemos a nossa pequenez e a aceitamos. Somos grandes quando pegamos nessa pequenez e fazemos algo grandioso. Grandioso para nós, grandioso no sentido que para nós, lá por dentro do nosso ser, ou alma como preferirem chamar (lá onde estão os nossos sentimentos inexplicados, gostos vagamente criados, opiniões erradamente formadas, lá onde tudo parece um abismo, e onde a cada passo é mais fundo) parece ser grande, meramente por ser algo fora da nossa “zona de conforto”. Somos grandes quando deixamos a nossa marca, seja nas pessoas ou nas coisas, na ciência ou na literatura. Somos grandes até a última memória de quem nos conhece desaparecer. Somos grandes a vida toda, mas somos pequenos!
O mundo é um sistema complicado porque nós assim o entendemos de chamar. Na verdade, o mundo é simples, o nosso interior é que é complicado. Mas tudo bem, estas filosofias já são questionadas desde os primórdios dos tempos, quem sou eu para tentar esclarecer?
Eu sou uma estrela, cada um de nos o é, estrelas demasiado pequenas para se ver a nossa luz enquanto somos vivas, mas com maior importância quando morremos. Somos parte de um todo demasiado grande, mas somos alguém. Somos pequenas estrelas perdidas à espera de encontrar o nosso caminho de volta a casa. E quando não encontramos? Somos um ponto brilhante no céu que continuo a olhar.
Francisca Graça