João Cotrim Figueiredo e Rui Rio debateram-se no “ringue político” da SIC, no passado dia 13 de janeiro, naquele que foi o debate com as notas mais altas neste período pré-eleitoral.
O presidente da Iniciativa Liberal considerou que um acordo pós-eleitoral com o PSD “não será difícil” o que mereceu a concordância de Rui Rio: “Temos tanto socialismo que a convergência não é difícil”, o líder liberal prometeu, então, fazer negociações com os sociais-democratas, mas avisou o presidente do partido que perderá os liberais se este contar com o Chega.
Rui Rio afirmou no decorrer do frente a frente que “quer o IL quer o CDS são parceiros com quem o PSD facilmente se entenderá” sem privilegiar Cotrim ao líder do CDS. João Cotrim Figueiredo mantém firme a ideia de que está “disponível para construir a alternativa” ao governo do Partido Socialista e lutar para não deixar cair votos no atual primeiro ministro.
Num tom sempre cordial, sem qualquer exaltação vocal, demonstraram ainda assim as divergências dos “caminhos” e de um “diagnóstico” que partilham sobre o estado atual do país e qual a velocidade com que devem partir para a sua transformação. “Porque há muitos pontos de convergência com a IL, mas há pontos de divergências. Há muitas diferenças no modelo de sociedade”, demonstrou Rui Rio. Ao que Cotrim Figueiredo ripostou, sublinhando que a Rio falta o “rasgo” que a IL tem. “A solução do PSD é alternância, mas não alternativa verdadeira”.
Os impostos foram o início das divergências entre os dois candidatos no debate. Rui Rio destacou as diferenças dos modelos defendidos nos programas eleitorais dos dois partidos. “Convergimos em descer o IRS e o IRC, mas nós mantemos o modelo que existe, com as taxas progressivas, enquanto a IL quer uma taxa única em dois passos. Ou dá um buraco orçamental de todo o tamanho ou dá uma grande injustiça, já que quem ganha mais paga o mesmo que quem ganha menos.”
Cotrim defendeu o caminho para a “taxa única”, alegando que é o atual sistema de IRS progressivo que leva muitos jovens a sair do país. E sobre a redução do IRC para as empresas, que a Iniciativa Liberal quer em 15 pontos percentuais, o líder do PSD apelou à “moderação”. “Se fizermos à escala que a IL propõe é o descalabro orçamental”, afirmou, no entanto, aceitou o argumento do líder do IL de que o crescimento económico ajudaria a compensar as perdas fiscais.
E foi sempre assim. Rui Rio a tentar pôr um pé no travão perante as propostas liberais mais aceleradas de Cotrim Figueiredo. Sobre a privatização da TAP, que o líder social-democrata também defende, disse discordar do “nem mais um tostão” para a companhia aérea porque, argumentou, assim o Estado perderia o que já lá investiu.
Também na Saúde e na Educação ficou claro que os modelos são bastante diferentes entre os dois partidos. O líder da Iniciativa Liberal voltou a defender a escolha livre nos prestadores de cuidados de saúde e na Educação, mantendo o financiamento público. Ideia a que o líder do PSD se opôs defendendo um Serviço Nacional de Saúde “capaz de responder” aos portugueses e que “o Estado tem obrigação de prestar serviços público de Educação de qualidade”.
Divergências à parte, terminaram com troca de sorrisos e com Cotrim a garantir que “o PSD precisa da energia reformista do IL”.
Hélder Fernandes