“Imaculada” é profano e cruel

“Imaculada” é profano e cruel

Cecilia (Sydney Sweeney) é uma jovem religiosa muito devota que acaba por ser recebida num convento no interior da Itália, mas após uma gravidez misteriosa ela é atormentada por forças perversas, enquanto confronta os segredos e horrores daquele lugar.

Desde que saiu o primeiro trailer fiquei curioso para saber qual era a proposta de “Imaculada”, principalmente porque a equipa envolvida não tinha muita experiência, nem muito contacto, com o género do terror.  Além disso, senti que o trailer não conseguiu transmitir a verdadeira natureza do filme, questionando-me se iria ser um terror padrão de jump-scares ou se iria apostar num terror mais psicológico. A verdade é que, depois de ter assistido percebi que, o filme fez uma mistura destes dois subgéneros.

O primeiro ato serve como uma pequena amostra sobre como, quando e onde é que o filme irá atacar a fé pessoal de cada um dos personagens, ao mesmo tempo que define as regras do seu próprio universo.

No segundo ato creio que o mesmo perde um bocado o fôlego, ficando à deriva sobre se mergulha de cabeça no terror de jump-scares ou se se atira para o lado mais subjetivo e psicológico. Desta forma, fica notório que o argumento de Andrew Lobel é uma das fraquezas deste filme, deixando-se levar pelas conveniências do género ao mesmo tempo que, em alguns momentos, impede a trama de avançar.

Por outro lado, diria que é no terceiro ato que o filme ganha mais força, principalmente por causa do seu final chocante, cruel e sangrento. Posso até dizer que foi um dos melhores finais que já pude presenciar ao assistir a um filme de terror.

Quanto à direção de Michael Mohan acho que o problema foi o facto de ser ter apoiado no argumento de Lobel, mostrando insegurança no tom que queria dar ao filme. Porém, o diretor mostrou que conhece muito bem o género apresentando uma nata habilidade na condução da tensão, da angústia e do medo para preparar os sustos, além de apavorar psicologicamente o seu público ao aproveitar o medo do desconhecido que está presente desde os primórdios da humanidade.

No elenco o destaque vai para Álvaro Morte, e principalmente para Sydney Sweeney por ter demonstrando que pode ser uma verdadeira digna do título de “final girl”.

“Imaculada” demonstra como a maternidade pode ser uma dádiva ou um pesadelo através da sua trama envolvente, que, por vezes, tropeça nos próprios clichês, e também da sua protagonista carismática. Diria até que este filme deveria ter sido o que “The Nun – A Freira Maldita” não foi.

De 0 a 5: 3,5

De 0 a 10: 7

Texto: Ivo Pereira

Imagem: Eduarda Paixão