Na abertura do segundo dia de debates para as eleições legislativas de 10 de março, estiveram frente a frente Inês Sousa Real, porta-voz do PAN, e Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP. Este debate aconteceu na RTP3 e foi a estreia do secretário-geral do PCP em debates televisivos.
O destaque deste debate vai para as divergências na regulamentação do “lobbying” e a sua eficácia no combate à corrupção, assim como, no recurso a privados na saúde.
O primeiro tema foi o combate à corrupção, onde os dois partidos concordaram que era necessário um combate mais eficaz. Inês Sousa Real defendeu o regulamento do “lobbying”, e afirma que “é uma medida absolutamente imprescindível para garantir maior transparência”. Paulo Raimundo defendeu que esta medida não irá ajudar, pois, estar-se-ia a legalizar um aspeto que hoje em dia é ilegal, e afirmou ainda que o centro da corrupção está nas privatizações, “nós não podemos desviar de atacar o centro da corrupção, e na nossa opinião esse centro está nas negociatas e nas grandes negociatas, onde as privatizações estão profundamente ligados”.
O segundo tema foi a agricultura, onde os dois partidos concordaram que a regulamentação da União Europeia é incompatível com boas condições parra os agricultores. O PAN, afirmou que “não têm sido as propostas de matéria ambiental que têm prejudicado os agricultores”, mas sim a Política Agrícola comum (PAC). O CDU concordou afirmando que o “sufoco” que os agricultores vivem é precisamente devido a essa política.
Na saúde a Porta-voz do Pessoas-Animais-Natureza, defendeu que o estado deve “suportar a intervenção no privado”, nos casos em que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não consegue dar resposta, já Paulo Raimundo discorda afirmando que metade do orçamento de estado para o SNS foi transferido para os privados, “A única solução para dar resposta a toda a gente, de forma igual, às questões da saúde é o SNS, e quem bateu às portas dos privados sabe bem que é assim”, afirmou.
Sobre possíveis entendimentos com o PS, o PAN afirma que “toda e qualquer solução da qual faça parte terá sempre por base um acordo escrito”, dizendo também que depende do que o Partido Socialista está disposto a fazer pelas causas do PAN.
A CDU afirmou que “não vale a pena estar a falar de cenários sem falar de conteúdos”, e que o que vai definir o partido após as legislativas será a “correlação de forças” dos diferentes partidos.
Texto: Alexandre Castanheira
Imagem: DR