Compaixão pela dor alheia

Compaixão pela dor alheia

Doo-me por quem me é importante, mas também por aqueles cuja vida é, por vezes, injusta.

Ultimamente, o desconforto devido à dor do próximo é-me inevitável. Isto porque, finalmente, começo a perceber que se eu quero que tenham compaixão pelas minhas vicissitudes diárias, também tenho de o fazer perante outrem. Consigo confrontar as mesmas sozinha, mas, certamente, haverá um dia em que vou ser obrigada a ver-me como principiante no caminho da vida e, portanto, a aceitar a comiseração da minha atmosfera exterior.

Doo-me por aqueles cuja vida não é um mar de rosas, porque a minha também não o é, porque sou alvo de um ciclo de transformações ao qual não posso fugir.

Um pequeno sorriso ou, até mesmo, umas meras doces palavras podem ser um bom placebo, podem atenuar os tais desalentos com os quais temos de lidar diariamente.

A desordem mundial, no meu ponto de vista, deve-se a este não querer saber das debilidades uns dos outros. Todos os dias, normaliza-se o desprezo pela aflição alheia, com uma exceção. É na época natalícia que não faltam milagres. Só falta à árvore de Natal revelar compaixão. 

Está nas nossas mãos escolher deixar a competição, o materialismo e a subjugação abafarem o companheirismo, a ajuda mútua. Olhar, somente, para o nosso umbigo não é boa ideia. Acredito que, futuramente, todos nós vamos almejar pela sensibilidade próxima, uma vez que escapar à contaminação de uma sociedade tão doente, seja a que nível for, é um grande desafio.

Revelar compaixão é um ato de amor e amar já é mudar as coisas. Portanto, escolhamos a mudança positiva.   

Inês Carneiro