“Pátria” e a facilidade com que crescem extremismos

“Pátria” e a facilidade com que crescem extremismos

“Pátria” estreou-se nos cinemas no dia 19 de outubro. A produção portuguesa do conceituado Bruno Gascon representa uma distopia assustadoramente próxima da realidade, abordando temas como a xenofobia, opressão e o crescimento de extremismos políticos.

Sou sincero quando digo que, à entrada do cinema e sem profunda pesquisa prévia, esperava um trabalho pseudo-documental da ditadura salazarista vivida em Portugal. Talvez pudesse ser em cantos do país menos falados, mas dentro desse intervalo de tempo.

A surpresa começou quando percebo que estamos em 1982, ou seja, num tempo “pós Salazar”. A trama é de simples compreensão. Consiste numa luta pela liberdade por parte de Mário (Tomás Alves), um Expatriado que tem vindo a ser oprimido e violentado por um grupo de aspirações fascistas, que controla todos os movimentos das pessoas nessas condições.

O filme procura, através de um regime que idolatra personalidades como Adolf Hitler, Salazar e George Orwell, a criação de uma distopia capaz de representar a facilidade com que os extremismos se conseguem desenvolver, ao ponto de se tornarem mortais.

Sem desenvolver muito mais a história, para não prejudicar os interessados, num panorama geral gostei do filme. Tem um bom ritmo, o que faz com que nunca chegue a tornar-se secante. É um drama bem desenvolvido, apesar de acreditar que a quantidade de suspiros e cigarros fumados é um bocado exagerada. Também acredito que perder mais tempo a desenvolver os personagens não seria má ideia, tendo chegado ao fim do filme sem conseguir criar qualquer tipo de empatia com algum deles.

Este é o terceiro filme de Bruno Gascon, que procura sempre fazer uma crítica social nos seus trabalhos. Este teve o apoio da Câmara Municipal de Barcelos na sua produção.

De 0-5, um 2,5; de 0-10, um 5,5.

Texto: Diogo Linhares

Imagem: Eduarda Paixão