Sabem aquele meme do Scorsese que diz PEAK CINEMA? Bem, não admira que seja o homem a cara dos memes, porque com filmes como estes o cinema como o conhecemos mantêm-se vivo.
O filme – baseado no livro “Killers” (2017), de David Grann – conta a história verídica de uma série de assassinatos que vitimaram vários índios Osage, nos anos 20 do século passado, na demanda caucasiana pelo controlo de escavações petrolíferas.
A história foca-se em Ernest Burkhart, protagonizado por Leonardo DiCaprio, que começa a trabalhar para o seu tio, William “Bill” Hale, protagonizado por Robert De Niro, após voltar da guerra. Inicialmente como taxista, os trabalhos ficam mais sombrios e perigosos conforme o filme progride.
A história para além de incrivelmente chocante pelos seus temas, desonrala-se devagar, deixando o espetador digerir, durante as suas 3h26m – por muito que não pareça – todos os crimes, traições e manipulações que o filme apresenta. É também acarinhada com muito respeito pelos Osage e os índios que viviam naquela zona, dando ao público muito que aprender e refletir.
Em termos de falhas, sinceramente, não as encontrei além de uma ou duas pequenas atuações mais curtas mal conseguidas; o filme não apresenta grandes falhas.
Em termos de pontos fortes, vou apontar quatro, porque se disser todos não vamos sair daqui. Para começar, e porque toda a gente fala, são as atuações: Lily Gladstone como Mollie Burkhart, Leonardo DiCaprio como Ernest, mas para mim a melhor é sem dúvida a de Robert De Niro como o implacável, temido, assustador e ganancioso William “Billy” Hale – De Niro torna-se aquele tenebroso homem que manipulou várias pessoas para ter o que queria. De seguida, junto dois dos seus pontos fortes, sendo eles, o estilo e a cinematografia: o estilo de Scorsese é súbtil, mas percetível neste filme, a maneira como ele enquadra as belezas da região onde viviam estes Osage e os terríveis crimes cometidos, enquanto que a cinematografia é talvez a mais forte de qualquer filme do mestre.
O ponto mais forte é a realização. É assertiva, executada na perfeição, é verdadeiramente um mestre no comando da sua arte, nota-se que faz isto há quase 50 anos; não é por acaso que este mestre surgiu da escola de realizadores dos anos 70, junto com nomes como De Palma e Coppola e Lucas, e que mesmo aos 80 anos não perdeu a capacidade e continua a puxar o cinema para horizontes ainda não alcançados.
Não é bem um ponto forte, é mais um aparte, adorei a cameo de Scorsese e também a do artista Jack White. Foram inesperadas, com a do realizador a ter impacto e significado por trás.
De 0 a 5, um 5. De 0 a 10, um 10.
Texto: Gonçalo Sousa
Imagem: Eduarda Paixão