Encontrei-te no fim

Encontrei-te no fim

Hoje encontrei-te por ali, encostada a uma árvore. Num momento só teu. Aprecias a vista, como quem cala a mente por segundos. A brisa já corre pelo teu rosto. Ao fundo, o mar sereno e aqueles pequenotes a fazer as malandrices de sempre. Quase numa imagem futura e eterna. Sabes que imagino o futuro quando estou contigo, não sabes? 

Hoje encontrei-te por ali, na robustez do dia. Nas tuas mãos, um caderno à procura de resposta, de uma pequena palavra de consolo. Olhas pela noite dentro, enquanto o sol não vem. Agarras-me o pulso com uma persistência única e pedes-me para viajar contigo. Sabes que me levas a viajar sempre que me agarras, não sabes? 

Hoje encontrei-te por ali, a questionar a tua pessoa. E eu, feito búzio perdido numa das tuas rochas cravadas no oceano, permaneço num dito culto ao divino. Segredas-me ao ouvido para ficar só mais uns minutos, tão baixinho que mal consigo ouvir. Sabes que contigo posso ficar até ao fim da vida, não sabes?

Hoje encontrei-te por ali, sentada junto aos poetas, a escrever mais uma página da tua história. Parece que hoje o capítulo é dedicado ao verbo amar, ao desejo carnal e mútuo entre duas almas. Sabes que contigo a perfeição parece realidade, não sabes?

Hoje encontrei-te por ali, a derrotar a vontade de viver e suportar. Tu, tu que poderias ser barco. Veleiro pelas profundezas da água. Poderias ser estrela ou até mesmo céu. Espaço. Ou até mesmo manhã, e noite. Sabes que és casa, não sabes? 

Hoje encontrei-te por ali, a tentar encontrar-me. A tentar procurar uma verdadeira gota neste mundo tão largo e escasso. Num mundo injusto aos olhos de quem se entrega de corpo e alma. Sabes que vou estar aqui mesmo quando o mundo cair, não sabes?

Hoje encontrei-te por ali, perdida e isolada. Peguei em ti e fiz-te minha. Atrasei o relógio por mais uma hora e decidi ficar assim para o resto da vida. Afinal, os contos de fadas e as histórias com um final feliz existem, somente é preciso acreditar nelas. 

Hoje encontrei-te por ali, minha prova viva do fim.

Alberto Couto