FoMO (Fear of Missing Out) vs JoMO (Joy of Missing Out)

FoMO (Fear of Missing Out) vs JoMO (Joy of Missing Out)

O que é a FoMO?

A Fear of Missing Out, também conhecida como FoMO, é uma perturbação de ansiedade social em que o indivíduo sente uma necessidade constante de estar conectado e informado sobre as atividades das outras pessoas (Akbar et al., 2018). Estes mesmos autores afirmam que a principal causa do surgimento de FoMO são as redes sociais, uma vez que estas plataformas digitais proporcionam uma maior facilidade de acesso a um elevado número de conteúdo, o que pode potencializar a FoMO, como é o caso de relatos de sucesso de outras pessoas, imagens de famílias perfeitas e de viagens incríveis (Hunt et al., 2018; Midgley et al., 2021). Aurel e Paramita (2021) descobriram que as pessoas se envolvem com o conteúdo disponibilizado nas redes sociais com o intuito de satisfazer as suas necessidades psicológicas de conexão social, no entanto, por vezes, podem experienciar FoMO como efeito colateral. Gradualmente, e com o uso incessante das redes sociais, estes sentimentos acumulam-se culminando num ciclo de hábito, denominado por FoMO de redes sociais (Aurel & Paramita, 2021). Este fenómeno pode ser descrito como um padrão de comportamento em que as pessoas utilizam as redes sociais de forma a que este uso conduza a sentimentos de ansiedade devido à perceção que as mesmas possuem de que estão a perder experiências gratificantes, que são publicitadas pelas outras pessoas nas redes sociais (Aurel & Paramita, 2021).

As pessoas que padecem de FoMO, geralmente, apresentam insatisfação com a vida e mau humor, dado terem dificuldade em comunicar pessoalmente, horários alimentares e de sono desfasados e, ainda, incapacidade para desfrutar a vida real (Akbar et al., 2018; Aurel & Paramita, 2021). Estes indivíduos têm por hábito verificar continuamente as atividades dos seus amigos nas redes sociais, o que pode culminar em comparações sociais, sentimentos de inveja e ansiedade, assim como sensação de desconexão, quando se encontram longe das plataformas digitais (Aurel & Paramita, 2021). Ademais, pessoas com FoMO possuem uma maior dificuldade em negar um convite para sair devido ao facto de temerem perder algum momento significativo (Aurel & Paramita, 2021). Neste seguimento, Akbar e colaboradores (2018) denotaram que estas pessoas ficam, de igual modo, preocupadas em perder informações sobre as tendências atuais o que, por conseguinte, conduz à verificação constante das redes sociais à procura de atualizações. Os resultados obtidos na investigação de Baker e colaboradores (2016) indicaram que os níveis mais elevados de FoMO podem estar relacionados com sintomatologia depressiva, menor capacidade de atenção e sintomas físicos. De acordo com um estudo realizado por Milyavskaya e colaboradores (2018), os jovens constituem a população que se encontra, frequentemente, afetada pela FoMO. Esta perturbação não é única e exclusiva daqueles indivíduos que foram excluídos socialmente, dado também ser observada em indivíduos que se encontram a realizar uma atividade que, para eles, é considerada prazerosa (Milyavskaya et al., 2018). Atendendo a este facto, é possível afirmar que não importa o quão agradável é uma atividade, os indivíduos consideram que estão a perder algo, o que resulta em sentimentos negativos (Milyavskaya et al., 2018).

O que é a JoMO?

Os indivíduos para além de experienciarem sintomas de FoMO, podem também apresentar sintomatologia de Joy of Missing Out (JoMO) (Aurel & Paramita, 2021). JoMO é uma estratégia adotada para viver a vida de um modo mais descontraído, sem preocupações com a descoberta de informação tardia, sendo que a sua experienciação se associa a uma boa satisfação com a vida e a um bom humor (Aurel & Paramita, 2021). Ademais, a fraca comunicação não é um fator que perturba as pessoas que fazem da JoMO um modo de vida, dado não darem importância ao que decorre à sua volta, nem aos que os seus amigos publicam nas redes sociais (Aurel & Paramita, 2021).

O estilo de vida JoMO caracteriza-se pelo seu ritmo lento, sendo que os sujeitos se concentram nos relacionamentos reais, tendo a capacidade para dizer “não” e distanciar-se das tecnologias, ganhando liberdade e tempo para experimentar todas as emoções (Kiding & Matulessy, 2019), e também capacidade para aproveitar o seu tempo desprendidos de inquietações relativas ao que as outras pessoas estão a fazer (Barr, 2019), possuindo assim a capacidade de delimitar a utilização das redes sociais (Kiding & Matulessy, 2019). JoMO apresenta também como característica a decisão de envolvimento num comportamento próprio (Bradshaw, 2019). Não se traduz no foco na perda de situações agradáveis, mas sim em optar por fazer o que de facto a pessoa considera divertido e prazeroso para ela mesma, podendo ser qualquer tipo de atividade.

FoMO versus JoMO

A FoMO constitui uma síndrome com consequências negativas para o indivíduo ao desencadear sentimentos de ansiedade e preocupação quando o indivíduo não está presente nas redes sociais. De acordo com Akbar e colaboradores (2018), as pessoas desencadeiam FoMO devido à sua baixa satisfação e necessidades com a vida, bem como mau humor na vida real.  Por sua vez, a JoMO pode ser definida como sentimentos de cariz positivo (por exemplo, contentamento e excitação) perante a diversidade de opções e a escolha livre das mesmas (Aitamurto et al., 2021). Neste seguimento, a JoMO caracteriza-se como sendo o oposto da FoMO, uma vez que deriva da satisfação com a vida, que está a ser vivida neste momento (Barr, 2019), pelo que se afirma que o comportamento de JoMO tem um impacto positivo na capacidade resiliente dês adolescentes, o que consequentemente impede a FoMO (Aurel & Paramita, 2021).

Referências

Aitamurto, T.,Won, A., Sakshuwong, S., Kim, B., Sadeghi, Y., Stein, K., Royal, P., & Kircos, C. 2021. From FOMO to JOMO: Examining the Fear and Joy of Missing Out and presence in a 360º vídeo viewing experience. Proceedings of the 2021 CHI Conference on Human Factors in Computing Systems, 512, 1-14. https://doi.org/10.1145/3411764.3445183

Akbar, R. S., Aulya, A., Apsari, A., & Sofia, L. (2018). The fear of missing out in adolescents in Samarinda City, Psikostudia, 7(2), 38-47. http://e-journals.unmul.ac.id/index.php/ PSIKO/article/view/2404/pdf#

Aurel, J. G., & Paramita, S. (2021). FoMO and JoMO phenomenon of active millennial instagram users at 2020 in Jakarta. In International Conference on Economics, Business, Social, and Humanities (ICEBSH 2021) (pp. 722-729). Atlantis Press. https://doi.org/10.2991/assehr.k.210805.114

Baker, Z. G., Krieger, H., & LeRoy, A. S. (2016). Fear of Missing Out: Relationships with depression, mindfulness, and physical symptoms. Translational Issues in Psychological Science, 2(3), 275. https://psycnet.apa.org/doi/10.1037/tps0000075

Barr, S. (2019, janeiro 30). Five signs you’ve swapped FoMO for JoMO. Independent.co.uk. https://www.independent.co.uk/life-style/jomo-fomo-fear-joy-of-missing-out-millennials-netflix-spotify-friends-socialise-cinema-a8753626.html

Bradshaw, F. (2019, setembro 26). Are you afraid of missing out? Replace FOMO with JOMO and rediscover your inner peace. Mind Tools Blog. https://www.mindtools.com/blog/fear-and-joy-of-missing-out/

Hunt, M. G., Marx, R., Lipson, C., & Young, J. (2018). No more FOMO: Limiting social media decreases loneliness and depression. Journal of Social and Clinical Psychology, 37(10), 751-768. https://doi.org/10.1521/jscp.2018.37.10.751

Kiding, S., & Matulessy, A. (2019). From FoMO to JoMO: Overcoming fear of loss (FoMO) and fostering resilience to the dependency of the digital world. PSISULA: Prosiding Berkala Psikologi, 1, 173-182.

Midgley, C., Thai, S., Lockwood, P., Kovacheff, C., & Page-Gould, E. (2021). When every day is a high school reunion: Social media comparisons and self-esteem. Journal of Personality and Social Psychology, 121(2), 285–307. https://doi.org/10.1037/pspi0000336

Milyavskaya, M., Saffran, M., Hope, N., & Koestner, R. (2018). Fear of missing out: Prevalence, dynamics, and consequences of experiencing FOMO. Motivation and emotion, 42(5), 725-737. https://doi.org/10.1007/s11031-018-9683-5