UTAD nas eleições do SNEsup

UTAD nas eleições do SNEsup

No dia 2 de março, pelas 16 horas e com eleições no SNESup, Sindicato Nacional do Ensino Superior, a decorrer, presencialmente, a 8 de março, O Torgador entrevistou os candidatos da UTAD, concorrentes pela Lista B, no estúdio de audiovisuais da universidade.

Levi Leonido, da Escola de Ciências Humanas e Sociais, área de artes, encabeça a lista como candidato a Presidente da Direção-Nacional do SNEsup. António Crespí, do departamento de biologia, é candidato a representante sindical da Escola de Ciências da Vida e do Ambiente. Já Mila Abreu, também da ECVA, mas da área de geologia, integra a Lista Nacional.

Quanto ao que os levou à candidatura, Levi refere a alternativa, a democraticidade e a participação, que advém de haver, pela primeira vez, mais do que uma lista a concorrer para a Direção. Refere, igualmente, a vertente de visibilidade, de forma a dar notoriedade ao sindicato perante o “registo de apagão” dos últimos anos. Refere o pendor da lista muito focado nas instituições do interior, apesar de esta associar representantes de todo o país, de universidades e politécnicos. Finaliza com a ideia de quebrar o ciclo de continuidade “monástica” das sucessivas presidências do SNESup.

António Crespí acrescenta que se candidatou devido à situação laboral atual, de medo e desconfiança, em parte devido à inexistência de apoio nas reivindicações laborais dos colegas, que leva a uma obediência cega da parte destes e acabando por interferir no desenvolvimento normal das suas atividades científicas.

Já Mila Abreu considera que vêm tempos muito importantes para as universidades, tendo o sindicato o papel de dar visibilidade a muitas das preocupações, não só relacionadas com a carreira e o vencimento, mas também com as situações que as instituições vão atravessar nos próximos anos, como a necessidade de uma participação cívica ativa, salientando a importância de dar uma visibilidade do sindicato aos colegas, mas também ao exterior. Refere a importância dos docentes e investigadores na sociedade como educadores e transmissores de conhecimento, apesar de se encontrarem em número bastante reduzido relativamente a outras profissões. Acrescenta a importância de fazerem ouvir a sua voz quer seja como protesto ou contributo. Finaliza com uma noção de que há uma falta de participação generalizada.

Relativamente aos aspetos positivos a trazer para o sindicato, Levi Leonido salienta o espetro pluripartidário da lista, mas, sobretudo, o seu lado de intervenção cívica, “O que é que tu és para além de ser professor ou outra coisa qualquer?” e refere que os integrantes da lista estão integrados nas mais variadas causas, ligadas ao ambiente, às questões de género, entre outras. “Levarmos um bocadinho do nosso espírito mais ativo, mais interventivo na sociedade, levar isso para o sindicato”. Apresenta, também, a lista como a única que acolhe representantes do ensino privado, estando os seus membros dispersos do interior ao litoral, entre universidades e politécnicos. “O que nos une é um bocadinho isso, nos vários quadrantes termos uma intervenção muito grande.”

António Crespí gostaria de ver melhorado o aspeto da comunicação na universidade. Segundo o próprio, há uma falta total de discussão nas decisões que são tomadas, sendo estas determinadas unilateralmente. “É fundamental falar” – afirma – ”e não devemos ter qualquer medo nesse sentido”. Quanto ao sindicato, afirma que tem que intervir, intervir laboralmente e não apenas de forma jurídica, sendo também fundamental recuperar o acompanhamento da delegação sindical. “Tem que haver uma orientação laboral que explique às pessoas quais são os seus direitos”. “Recuperar o valor e o significado dos sindicatos. A ver se o SNESup […] acorda, porque está adormecido.”

Mila Abreu defende que os problemas da UTAD sejam levantados a nível nacional. Informa que a UTAD tem tido um índice de conflito laboral elevado, o que torna, logo à partida, o diálogo importante. Para além disso, refere que o sindicato tem de ser o porta-voz junto ao governo e às entidades governamentais, de forma a informar e promover a resolução de problemas. Finaliza com um apelo à cooperação, ao diálogo e à visibilidade para resolver os conflitos, nomeadamente entre sindicatos e patrões.

Para finalizar, Levi Leonido destaca o seguinte: que, independentemente do resultado das eleições, o movimento organizado irá continuar, salientando a realização regular de eventos sobre o estado da arte do ensino em Portugal. Avança mesmo com a possibilidade de pensar numa alternativa sindical diferente.

Texto e Imagem: José Miguel Neves