Nos dias 21, 22 e 24 deste mês, a Universidade do Algarve (UAlg) e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) unem-se em celebrações repartidas geograficamente para comemorar os quatro séculos de nascimento do autor que dá nome à língua francesa.
O colóquio internacional La fortune de Molière: répertoires, mythes et interprétations pretende prestar homenagem e “questionar a fortuna e a atualidade de Molière”, pode-se ler na página da UAlg relacionada com este evento. Para tal, comparecem vários especialistas em Molière diretamente de universidades francesas, espanholas, brasileiras e portuguesas e também a companhia teatral Les Comédiens voyageurs com “Le Molière imaginaire”, que não passará pela UTAD.
A passagem deste evento por Portugal é da responsabilidade de Ana Clara Santos e Ana Alexandra Carvalho (UAlg) e de Natália Amarante (UTAD) e Maria Luísa de Castro Soares (UTAD), das respetivas Faculdade/Escola de Ciências Humanas e Sociais, é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e conta ainda com a colaboração de diversos institutos de estudos teatrais e de estudos franceses. O evento começou na Universidade de Sorbonne, Paris, e percorre países como os EUA e Itália.
Na UTAD, terá lugar no dia 24 no Auditório 1.11 do Pólo I da Escola supramencionada, a um custo de participação de 60€ aos membros académicos e de 80€ aos demais interessados.
Autor, diretor, ator
Jean-Baptiste Poquelin nasceu previamente a 15 de janeiro de 1622, data do batismo, em Paris e é considerado um dos maiores escritores francófonos e mundiais. O seu reportório inclui peças teatrais de comédia, de tragédia, de ballet e de outros géneros que se encontram traduzidas para todas as línguas vivas mais faladas.
Rebento de uma família rica, teve fácil acesso a estudos rigorosos e a convívios com nobreza, encontrando também a paixão pelo palco. Começou ativamente a carreira de artista em 1643, descartando um futuro burocrático, e adotou o pseudónimo Molière em 1645 para poupar desonra à família (atores não podiam ser enterrados em solo eclesiástico).
Passou 12 anos como ator itinerante e fundou a sua própria companhia, para a qual começou a escrever, produzir e atuar, inicialmente inspirado no estilo “comédia italiana” mas transacionando para a sátira francesa. Em 1658 regressa a Paris, já com o mecenato do irmão do Rei Luís XIV, Filipe I, e atua no Louvre (na altura um teatro), o que lhe permitiu subir na carreira e tornar-se o autor oficial de entretenimentos para a corte real.
De 1660 até à morte, Molière permaneceu na corte. Entre amigos, tais como o Rei, e inimigos, dos quais se destacam a Igreja Cristã e diversos autores, a influência e importância do francês é tanta que a própria língua é apelidada de “a língua de Molière”. No entanto, a proteção real de que disponha não o protegia da tuberculose pulmonar que o afligia, levando-o a escrever menos, embora mantendo o sucesso.
A morte da esposa em 1672 agravou-lhe a doença e o génio acabou por falecer em 1673, poucas horas após ter colapsado duas vezes em palco, num ensaio da peça “O Doente de Cisma”, devido a ataques de tosse que provocaram hemorragias internas enquanto atuava o papel de um hipocondríaco.
Encontra-se atualmente sepultado no Cemitério do Père-Lachaise.
Joaquim Duarte
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