Começa a aproximar-se o domingo da Páscoa e isso é sinal de algo que uns adoram e outros odeiam: as limpezas da Páscoa! A altura de tirar o pó a tudo o que existe e que há um ano está intocável. Um pesadelo para muitos e um sonho para todos aqueles que adoram limpezas.
As arrumações desta época festiva são caóticas. Limpa-se o pó a tudo. Mas mesmo tudo! São os potinhos que estão nos armários. É o interior dos potinhos que estão nos armários. São as tampas dos potinhos que estão nos armários. Ou seja, nada escapa ao velho pano de limpar o pó (ou ao espanador) e só quem sofre de alergias é que não gosta muito. Passa-se o óleo de cedro nos armários, limpa-se os vidros, encera-se o chão, lavam-se os cortinados e as passadeiras. No jardim, corta-se a relva, aparam-se os arbustos e lavam-se os passeios. Os mais atrevidos, e com vontade de trabalhar, ainda aproveitam a época para pintar a casa. Coragem!
No meio de tanto frenesim ainda há tempo para basculhar as coisas antigas que estão no fundo das gavetas. Tiram-se os álbuns de fotografias de família para fora e perdemo-nos nas recordações… recordamos velhos tempos e pessoas que cá não estão. Aqueles que em anos anteriores também passavam pela azáfama destes dias e que agora são recordados através das velhas fotografias. Quando damos por ela, já o tempo passou. Colocamos de novo os álbuns nas gavetas, com todo o cuidado do mundo. E volta-se ao trabalho.
No dia de Páscoa há uma mistura de cheiros: Cheira à lixivia, cheira ao limpa-vidros e ao óleo de cedro. Cheira a limpo! Antes do compasso chegar (e já se ouvem as campainhas ao longe) passa-se um bocado de limpa móveis no armário para deixar aquele cheirinho… é dia de Páscoa. A mesa está posta sobre a toalha de linho. É dia de festa.
Marcos Vilaça
