Fora deste mundo, deitada numa folha de papel.

Fora deste mundo, deitada numa folha de papel.

No mês de fevereiro foram publicados vários artigos sobre a relação dos portugueses e a leitura. Um dos artigos publicados pelo Jornal de Notícias, escrito por Inês Cardoso, mencionou que cerca de 61% da população portuguesa não leu um único livro nos 12 meses anteriores ao inquérito feito e que, os restantes, pouco mais leram.

Isto pode ser consequência de vários fatores, tanto económicos como organização do tempo na vida dos indivíduos ou famílias, no entanto, pouco se faz para mudar este hábito. Os livros continuam a subir de preço e as novas gerações dificilmente se agarram à leitura. Os jovens continuam a aprender com obras de Camões e Eça de Queirós, que conseguem fazer florescer a identidade cultural de alguns estudantes, mas não os motiva a ler com regularidade. Enquanto não forem inseridas várias obras de literatura contemporânea no plano nacional de leitura, o interesse por conhecer outros mundos por folhas de papel vai continuar a cair.

Existem os mais variados estilos de literatura, que não são estudados e são potencialmente livros que iriam agradar a muitos, mas nunca lhes passou pelas mãos. Entre fantasia, ação, romance, thrillers, ficção ou não ficção… Existem todos estes lugares por onde nunca viajaram e que poderiam ser o seu começo neste caminho tão bonito e diferente.

Todos nós, seres humanos, temos um ou mais vícios, seja drogas ou limpar a casa de cima a baixo todos os dias, qualquer ação que nos leve para outro lugar que não pertença à realidade. Começar um livro é entrar numa nova realidade, que pode despertar qualquer tipo de sentimento ou até uma revolução em nós mesmos, tanto nos podemos encontrar como perder neles.

São aquelas emoções que se anseiam quando se quer sentir vivo, de ter coragem para se levantar, ou de curar desamores, que estão presentes nas páginas inexploradas. Talvez a história de um pai, de uma irmã ou de um vizinho que está tão perto de nós, à espera de ser revelada.