Eternals, novo, mas feito de peças recicladas

Eternals, novo, mas feito de peças recicladas

Estreou nos cinemas o mais recente filme dos estúdios da Marvel, Eternals, que foi dirigido por Chloé Zhao e que possui no seu elenco alguns atores, como Angelina Jolie e Richard Madden.

A nova adição, ao já bem conhecido universo cinematográfico da Marvel, tem já uma certa reputação de ser o primeiro “fracasso” do estúdio tendo já péssimas críticas online e, infelizmente, tenho de concordar.

O filme traz conceitos interessantes e personagens completamente novos ao grande ecrã e existem sequencias de ação com um trabalho muito interessante conseguindo distinguir-se de outras representações de superpoderes já vistas noutros filmes. Este filme consegue trazer um pouco de variedade no que toca a representações de pessoas reais, com um personagem surdo e outro homossexual, nada de novo no grande ecrã, mas desta vez estes personagens não eram caracterizados pela sua deficiência ou orientação sexual, mas sim pela suma das suas partes.

Contudo, a narrativa do filme não trouxe nada de novo e apresentava alguns problemas, o filme no fundo quase que obedece a uma fórmula e poucas vezes se desvia da mesma. O filme começa, conhecemos o herói, herói passa dificuldades, herói luta contra algo forte, herói ganha, fim. Além disso, Eternals tem claramente um problema com a introdução de tantos novos conceitos e personagens não sabendo bem como explorar cada conceito sem tornar o filme num monte de flashbacks ou exposition. E como todos os filmes da Marvel não pode haver uma cena sem uma pausa de “comédia”, os personagens estão constantemente a lançar piadinhas e one liners que cortam um pouco o ritmo narrativo e que não servem de nada para a estória ou os personagens. Estes pequenos momentos estão sempre ali no meio e parecem ser usados cada vez que não se tem a certeza sobre o que os personagens devem fazer ou dizer.

A Marvel está agora numa fase estranha onde já não sabe bem como avançar e expandir o seu universo e por isso tem que arriscar um pouco e tentar aos poucos introduzir novos personagens menos populares. O problema é que Eternals agora tem que lidar com um peso enorme de um universo bastante extenso, enquanto tenta ser um stand-alone movie origin para um novo grupo de heróis.

Eternals parece-me estar um pouco fora do sítio, pois nem parece ser um filme da Marvel e, embora o filme tenha problemas e seja bastante medíocre, é na mesma uma boa experiência para fãs da Marvel e é um filme razoável para quem quiser gastar 2 horas e meia.

Rui Pinto