Foi a irresponsabilidade que matou o gato

Foi a irresponsabilidade que matou o gato

Alec Baldwin matou, acidentalmente, a diretora de fotografia Halyna Hutchins durante as filmagens do filme “Rust” e isto já não deve ser novidade para ninguém visto que a notícia tem corrido o mundo.

Às vezes esquecemo-nos que fazer filmes não é assim tão fácil e são acidentes terríveis como este que nos relembram que existem pessoas que arriscam as suas vidas pelo nosso entretenimento. Há de certeza sujeitos neste mundo que culpam o ator pela morte da jovem, pois se ele premiu o gatilho, ele matou-a e mesmo que tenha sido um acidente, é homicídio! O mundo terá sempre desta gente que vê qualquer oportunidade para atormentar alguém. A culpa não foi do ator, mas sim dos responsáveis pelo equipamento e pelas armas de fogo e isto sim é um facto incontestável.

De facto, as investigações que tem sido realizadas apontam todas para esta conclusão, o profissional encarregue das armas até tinha “cadastro” no que toca a estas situações, mas eu não quero falar sobre quem tem a culpa. Efetivamente, o que quero abordar são a natureza destes acidentes, pois este não foi o primeiro acidente fatal durante as gravações de um filme e, de certeza, que não será o último.

É preciso aumentar as regulações, protocolos e reforçar a ideia de responsabilidade e cuidados aumentados no que toca a situações como esta. Uma jovem morreu por algo tão simples como confirmar se uma arma tinha balas. Uma certeza que se podia ter confirmado em segundos e, no entanto, ninguém a fez, o que acabou por provocar um acidente terrível e desnecessário que podia ser facilmente evitado.

A indústria do cinema está cheia de acidentes deste género o que me faz pensar nos profissionais que trabalham para fazer chegar ao público um produto final em troca de condições de trabalho horríveis. Se uma indústria tão grande como a do cinema não consegue garantir salários e condições satisfatórias aos seus profissionais então quem consegue?

 A própria equipa do filme admite que erros destes ocorrem por causa das horas excessivas de trabalho e das condições difíceis que as várias equipas têm de enfrentar ao longo da produção.

Nós, como consumidores, temos a oportunidade e responsabilidade de exigir que os profissionais na área do cinema tenham a certeza de que o seu trabalho é apreciado e que eles estão no seu direito de ter boas condições laborais.

Enfim, são problemas que vão continuar a existir enquanto houver trabalhadores frustrados e descontentes, que acabam por se tornar em pessoas irresponsáveis e negligentes devido à sua terrível vida profissional.

Irresponsabilidades estas que levaram à morte de uma jovem inocente que não merecia a morte que acabou por receber.

Rui Pinto