What goes around, comes around

Nós precisamos mais do Mundo do que o Mundo precisa de nós. O início de uma crónica ligeiramente diferente das que costumo escrever para este jornal. O planeta Terra é a casa de todos os seres vivos, mas o Homem tende a ignorar esse aspeto e a usufruir do mesmo como se fosse único no Mundo. Já levámos à extinção várias espécies, apesar dos diversos avisos de que isso aconteceria se os hábitos humanos não fossem alterados. Já poluímos tantos quilómetros quadrados de água que é devastador ver fotografias dos oceanos. Já demonstrámos por tantas vezes à Mãe Natureza que somos o “filho” mais mal-agradecido que já passou por tão belo planeta, que me envergonho de ser uma de nós.

Tenho 20 anos e tenho medo do futuro. Como viver sem receio quando o líder de um dos países mais poderosos deste Mundo acredita que o Aquecimento Global é uma mentira? Como viver sem remorsos quando sei que o ser humano valoriza mais o dinheiro do que a própria sobrevivência? Embora não seja do ramo das ciências, parece-me bastante claro que as consequências dos nossos atos já se fazem sentir. As secas extremas e prolongadas, um gradual desaparecimento das “4 estações”, a contínua extinção de espécies… A lista continua. Mas já chega! Temos a nossa casa a arder e, em vez de apagarmos o fogo, deitamos-lhe gasolina?

Embora claramente ativa e preocupada com o estado do Mundo, sei que a nossa geração é totalmente desvalorizada pelas anteriores. Os mais velhos acham que somos a geração dos smartphones, a geração que “não quer fazer nada”, a geração sem futuro e sem rumo.

Não poderia concordar mais. Mas, para mim, somos a geração, sim, dos smartphones, que usamos para nos educarmos sobre temas como a poluição. Somos a geração, sim, que “não quer fazer nada”, desde que se acrescente no final da frase um “para levar à extinção de espécies, para poluir o planeta até não haver retorno”. Somos a geração, sim, sem futuro e sem rumo, mas só, e apenas, se o ser humano não abrir os olhos e não mudar hábitos e mentalidades.

Caros líderes mundiais, caro Governo português, poderia dizer que “chegou a hora de agir”, mas todos sabemos que essa hora já chegou há muito tempo. Em causa está a nossa sobrevivência. Acabo esta crónica da mesma maneira que a comecei. What goes around comes around (O que vai, volta). Tudo o que fizermos de mal a este planeta, voltará a nós e será avassalador. Nós precisamos mais do Mundo do que o Mundo precisa de nós.

Maria Lopes