Sofrer cedo e cedo sofrer, gera goleada e faz doer

Sofrer cedo e cedo sofrer, gera goleada e faz doer

A partida que encerra a 23.ª jornada da Liga NOS colocou frente a frente Sport Lisboa e Benfica e Grupo Desportivo de Chaves. Nesta fase do campeonato, e devido à discrepância nas aspirações das duas equipas, cada ponto é crucial no trilho a seguir.
A equipa flaviense apresentou-se, no reduto das águias, com um 4-5-1 com o simples desígnio de combater e “secar” o 4-4-2 habitual dos pupilos de Bruno Lage. Decorridos seis minutos surgem as duas primeiras oportunidades de golo, uma para cada lado, com Vlachodimos e António Filipe a agarrar os cabeceamentos de Platiny e Seferovic, respetivamente.
A turma de Tiago Fernandes depositava as suas fichas no contragolpe e, à passagem do minuto 15, Bruno Gallo obrigava o guarda redes das águias a defesa apertada: o primeiro canto do jogo era favorável ao GD Chaves. Três minutos volvidos, após variação de flanco por parte de Grimaldo e cruzamento de Pizzi, João Félix, num gesto técnico aprimorado, domina e cruza e Campi, numa demonstração de pinball, faz embater a bola em Maras; Rafa concluía, proporcionando o melhor seguimento à jogada, finalizando-a: o Benfica inaugurava o marcador.
Ao minuto 27, o perigo voltava a rondar a baliza de António Filipe onde, após cruzamento de Grimaldo, Rafa errava o alvo. Seis minutos mais tarde, Rafa arranca pelo corredor direito e centra a bola para a pequena área, mas nem João Félix nem Seferovic foram capazes de aproveitar a dádiva oferecida. Ao minuto 36, os protagonistas do lance anterior entenderam-se na perfeição: o ponta de lança sérvio solicitou à jovem promessa e esta ampliava a vantagem, após insistência. O placard ditava 2-0.
A dois minutos do intervalo, Gabriel isola Seferovic que conduz a bola até junto do reduto do guarda-redes e a envia pela brecha existente entre o mesmo e o poste esquerdo; 3-0 sem resposta. Ainda assim, em cima do descanso o marcador do segundo tento benfiquista possui uma oportunidade flagrante para dilatar a vantagem, mas desperdiça-a.
As estatísticas não se mostravam madrastas e o GD Chaves não fazia notar a sua presença em jogo e tão pouco materializava os contra-ataques que realizava. Pedia-se entrega, atitude e alma flaviense para os 45 minutos que restavam.
À entrada da segunda parte, nada se alterava. A vulnerabilidade do lado direito permitiu mais um cruzamento ao qual João Félix não deu resposta eficaz. O minuto 52 assinala a melhor defesa do encontro: António Filipe, a remate de Pizzi, estira-se e evita um golo (muito) previsível.
Tiago Fernandes viu-se obrigado a substituir Costinha (lesão) por Bressan e, dois minutos volvidos, Bruno Gallo por F. Melo. A nível disciplinar, a primeira admoestação foi dirigida a Maras e, decorridos seis minutos, o SL Benfica igualava o número de cartolinas amarelas por Rafa Silva. À passagem do minuto 68, Grimaldo, num remate portentoso, obriga novamente à intervenção de António Filipe.
O minuto 70 assumiu uma postura caricata: Rúben Dias atira contra Platiny, Vlachodimos não segura a bola e Rúben Macedo desperdiça com um remate disparatado. Do lado das águias, Rafa Silva dava lugar a Jonas. Após cinco minutos, num canto favorável ao SL Benfica Jonas e F. Melo desentendem-se e são advertidos com um amarelo.
António Filipe era o único elemento da formação transmontana que enchia as medidas dos seus adeptos: ao minuto 79, Jonas cruza para Pizzi que remata sem deixar cair e o último homem do GD Chaves, num contorcionismo impressionante, nega o quarto golo. Ao minuto 81, Jota substituía Pizzi e André Luís fazia descansar Platiny, esgotando as substituições. Dois minutos mais tarde, as águias seguiam as pisadas dos trasmontanos e davam lugar a Zivkovic na troca com Seferovic.
O minuto 89 abriu portas à goleada. Após passe de João Félix, Jonas, pressionado por Campi, faz embater a bola em António Filipe e, vencendo o duelo, aproveita o ressalto e finaliza à boca da baliza; 4-0!
Campi, no último suspiro, ainda foi advertido com cartolina amarela. A compensação conduziu o confronto até aos 94.
A superioridade do SL Benfica era esperada e foi notória e visível, subjugando a equipa de Trás-os-Montes ao longo de todo o encontro. Deste modo, o GD Chaves agrava a série de jogos sem sentir o trago da vitória (três), permanecendo no penúltimo lugar da tabela classificativa.

Romão Rodrigues
Fotografia: O Torgador (Marcelo Martins)