“Estamos muito entusiasmados com esta descoberta”. Esta frase foi proferida por Xinyu Dai, coordenador de uma equipa de astrofísicos da Universidade de Oklahoma, nos Estados Unidos da América.
A descoberta de que falam refere-se aos primeiros exoplanetas encontrados fora da Via Láctea, com dimensões intermédias entre a de Júpiter e a da Lua, ou seja, com tamanhos aproximados ao do nosso planeta Terra.
Os exoplanetas foram identificados pelo telescópio Kepler que, incluindo 10 exoplanetas descobertos esta segunda-feira, já detetou 4.034 exoplanetas, dos quais 2.335 foram confirmados por outros telescópios, anunciou a NASA, a agência espacial dos Estados Unidos.
A primeira descoberta de planetas fora da nossa galáxia só foi possível graças a um método conhecido como “microlentes gravitacionais” em que, segundo o Diário de Notícias, “um objeto astronómico, como uma galáxia distante, por exemplo, funciona como lente em relação aos objetos mais distantes, ampliando-os aos olhos do observador”.
Este tipo de planetas, semelhantes à Terra, orbitam em torno de estrelas na sua “zona habitável”, com a hipotética possibilidade de existência de água no estado líquido, devido às condições favoráveis de temperatura e força gravitacional, ideais para existência de vida tal como a que conhecemos no planeta Terra. Assim, os exoplanetas encontrados recentemente ajudarão a determinar o número de planetas “irmãos” da Terra existentes na Via Láctea, afirma Susan Thompson, que se dedica, integrando o Instituto SETI, à procura de inteligência extraterrestre que, com as recentes descobertas, parece cada vez mais verosímil.
O Kepler, em operação há 4 anos, aumenta assim a coleção de exoplanetas identificados desde esse período, constituindo, assim, a sua versão final.
Eduardo Guerras, também autor das descobertas e citado num comunicado à Universidade de Oklahoma, afirma que “este é um exemplo de como estas técnicas de análise por microlentes gravitacionais são potentes e eficazes.” Acrescenta ainda que “esta galáxia está a 3,8 mil milhões de anos-luz de distância e não há a mínima hipótese de observar diretamente estes planetas, nem mesmo com os melhores telescópios que possamos neste momento imaginar num cenário de ficção científica”, mas que “é possível na mesma descobrir esses planetas, estudá-los e até calcular a sua massa”. Portanto, conclui o investigador, “isto é ciência muito fixe”.
Beatriz Cerqueira
Fotografia: El Debate de Hoy