Depois de duas temporadas extremamente bem-sucedidas distribuídas pela RTP, a série televisiva “Pôr do Sol” ganha uma nova vida, mas desta vez no grande ecrã, mantendo um enredo recheado de drama, de crimes, de amor e de traições, parodiando o formato e os ingredientes habituais de uma telenovela.
Neste filme é explicada a origem da família Bourbon de Linhaça e do seu bem mais valioso: o Colar de São Cajó – aquele que está na família Bourbon de Linhaça há mais de 3500 anos, e que esconde segredos, maldições e uma lendária receita de bacalhau. O mesmo carrega consigo uma maldição a quem o perder, desde terramotos até cavalos que correm para trás.
O elenco principal é constituído por Gabriela Barros, Rui Melo, Diogo Infante, Marco Delgado, Sofia Sá da Bandeira, Diogo Amaral, José Raposo e Manuel Cavaco, interpretando os seus respetivos personagens da série televisiva de maneira exemplar. Acho que aqui o destaque vai para um “cameo” do cantor Toy, uma vez que protagonizou o momento musical mais icónico em todo o filme.
A direção de Manuel Pureza, assim como na série, continua competente e criativa, porém há momentos em que parece perdida e confusa sobre o que fazer em algumas cenas.
Diria que o ponto chave do filme reside no argumento de Pureza, de Rui Melo e de Henrique Cardoso Dias, onde é notório o cuidado com os momentos e a natureza dos momentos de comédia, drama e mistério. Porém, há alturas em que a trama fica estagnada acabando por aborrecer quem está a assistir, mas felizmente esses momentos são poucos. Por outro lado, há personagens que parecem esquecidos, acabando por perder boa parte do protagonismo que tinham na série televisiva.
Pode-se dizer que o filme consegue sustentar-se sozinho, o que se revela vantajoso, porém a visualização da série é algo extremamente aconselhado de modo a que o expectador consiga compreender o universo proposto pelos argumentistas.
Acredito que a adaptação para o cinema de uma série televisiva seja complicada, mas a junção das cerejas com sabor a marisco numa herdade de “agro-betos” com piscina e 5G, juntamente com os seus momentos metalinguísticos, fez com que, imperfeitamente, “Pôr do Sol: O Mistério do Colar de São Cajó” se tornasse a cereja no topo do bolo.
De 0 a 5, 4; de 0 a 10, 8.
Texto: Ivo Pereira
Imagem: Eduarda Paixão