Nesta terça-feira (23), João Almeida (UAE) fez história e venceu pela primeira vez uma etapa numa grande volta. O português está agora mais perto da camisola rosa, mantendo a liderança da juventude.
“Fazer sempre 2º, 3º e estar perto da vitória e ao mesmo tempo tão longe custa porque é muito sacrifício, muito trabalho e quero ganhar, não quero fazer 2º!”
Foi este o mote que João Almeida (UAE – Team Emirates) deu para enfrentar as três semanas da 106ª edição do Giro D’Itália. O objetivo ficou claro desde o primeiro dia e, já dentro da última semana, o “duro das Caldas” ganhou pela primeira vez uma etapa numa grande volta, nesta que é a sua 5ª participação, 4ª se contarmos apenas o Giro.
O percurso de hoje não era novo. O final no Monte Bondoso trouxe as memórias de grandes etapas da história do Giro d’Itália. No total já esteve presente no percurso em 13 edições, a primeira apenas no ano de 1957.
João Almeida (UAE) já sabia o que era ultrapassar esta montanha, pois em 2020, ano em que envergou a maglia rosa por cerca de 2 semanas, fechou uma etapa neste mesmo ponto juntamente com o grupo dos favoritos daquela edição, mantendo a liderança mais um dia.
A etapa 16 trouxe a ansiada luta no topo da classificação geral. A Jumbo-Visma, equipa de Roglic (Jumbo-Visma), trabalhou grande parte da subida final na frente e não se previa uma quebra do esloveno. Quando apenas ficou acompanhado de Sepp Kuss (Jumbo-Visma), e o mesmo recuou no pelotão para se colocar ao lado do ex-vencedor da Vuelta, a UAE trabalhou na frente, mostrando mais uma vez o comprometimento em torno do líder. Jay Vine (UAE) esteve impecável e quando chegou a hora, João Almeida impôs o seu ritmo e causou o primeiro corte. Primeiro seguiu sozinho, a 8 quilómetros da meta, mas depois de ser alcançado pelo grupo perseguidor viu Geraint Thomas (INEOS) contra-atacar, conseguindo responder na mesma moeda. Seguiram juntos, revezando na frente e teriam deixado Roglic (Jumbo-Visma), e os restantes elementos do grupo perseguidor, a minutos de distância, não fosse o valioso suporte de Kuss (Jumbo-Visma) que compensou o dia não de Primoz Roglic (Jumbo-Visma).
No final impôs-se a luta a dois. Thomas já sabia que ia envergar a rosa pela quebra de Armirail (Groupama), mesmo assim lutava pela etapa e pelos 10 segundos de bonificação atribuidos ao vencedor. Desenhou-se uma luta a dois pela etapa entre ciclistas que nunca tinham sido os primeiros a cruzar a meta no Giro. A ânsia de chegar à meta era notória, mas o final em subida aumentava a expectativa em torno do sprint. João Almeida (UAE) arrancou a 150 metros da meta e só parou de pedalar fulgurantemente já depois de assegurada a vitória na etapa. O ciclista de 24 anos é assim o terceiro português a vencer uma etapa no Giro depois de Acácio da Silva (1985) e Rúben Guerreiro (2020). Um marco importante na carreira do jovem de A dos Francos e mais uma página escrita na história do ciclismo português, desta vez em tons de rosa.
Fazendo contas à classificação geral, o português fica no segundo posto com 18 segundos de desvantagem para o novo líder, Geraint Thomas (INEOS) e com 11 de vantagem para Primoz Roglic (Jumbo-Visma).
Tiago Santos