“Aqui viemos parar
Aqui a Vila Real
A cidade mais bonita
Que conheço em Portugal. “
O fado universidade diz tudo. Não é preciso mais, Vila Real, a cidade mais bonita de Portugal. Não digo isto por ser a minha cidade, digo-o por ser a cidade. A cidade acolhedora, a cidade do amor, a cidade da amizade, a cidade da festa, a cidade que por mais pequena que seja, esconde um encanto em cada canto, em cada monte, em cada vale.
Somos nós! Somos transmontanos!
Uma região rica no seu passado, cheia de vigor no presente e promissora no futuro. As paisagens deslumbrantes que aqui encontrámos, não são de admirar a quem aqui vive, estamos habituados a elas, mas são de pasmar a quem as vê pela primeira vez!
Acordar rodeados de socalcos, de vinhas, de pomares, de olivais, de natureza, de simplicidade e ternura. Acordar e perceber que somos uma região que vive disto, da agricultura.
E quanto amor depositam eles, os agricultores, nas suas colheitas? São trabalhos pesados e por vezes, mal pagos. Mas não existe um agricultor que não tenha amor naquilo que faz, naquilo que constrói, naquilo que cuida, produz e colhe.
Esta região, é feita de amor! E quando o há, não há nada que nos impeça de seguir os nossos sonhos, porque o amor, esse sim, comanda a vida!
Os transmontanos são pessoas de tradições, partilha e união. E haverá mais bela tradição que oferecer o pito, sem vergonha alheia? É tradição de Santa Luzia. E quem dá o pito, também será compensado em dia de S. Brás, com uma saborosa gancha.
Tenho orgulho em dizer que sou do Norte, sou de Trás-os-Montes e Alto Douro, sou de Vila Real. Não sou desdentada e já vi o mar. Mas mesmo que não o tivesses visto ainda, não chegaria a beleza irreverente do rio Corgo, para me deslumbrar?
Sou a típica transmontana que diz, vamos “além” quando é “ali”. Que utiliza expressões como arrebunhar, sandeira, albarda, gandulo, amarrar, larpar e surro. E sem esquecer o cibo: o cibo de tudo e o cibo de nada. Temos um sotaque carregado e que não deixa ninguém com dúvidas de onde vimos: São as azeitÓnas! Vamos às j’aulas!
Viver em Vila Real, é como estar sempre em casa. Viver em Vila Real, é ir meter gasolina à Repsol, e no momento de pagar, já saber quem é a pessoa que nos vai atender. Não é o simples: “Bom dia, obrigada.” É muito mais que isso. Muitas vezes conversa de circunstância, mas conversa que nos permite irmos conhecendo as pessoas, criar laços. É estranhar, quando aquela pessoa, não está aquela hora, naquele local. É ver nos olhos dela, que não somos só mais um cliente, somos o cliente.
É fazer amizades em qualquer lado!
Com a mulher da caixa do pingo doce, porque já sabe que nos esquecemos sempre do cartão poupa-mais. É ir comprar gás ao café do prédio e o senhor oferecer dois rebuçados de café, que por acaso não gosto, mas aceito com todo o agrado. É entrar na pastelaria na minha hora de almoço e dizer:” Boa tarde!” e receber como resposta:” Boa tarde menina. Um chá vermelho ou vamos experimentar um sabor novo hoje?”. É ver uma pessoa em dificuldades, parar e simplesmente perguntar:” está tudo bem? Precisa de alguma coisa?”.
Viver em Vila Real é isto. Ser de Vila Real é isto.
Os transmontanos têm uma alma pura e quem ainda não sabe isto, é porque nunca passou por lá…
“Vila Real ao entardecer
Ao Cabanelas eu fui ter
Era menino lá debaixo sossegado
Grande bezana eu agarrei
E concluir e verifiquei
Ser este o curso
Pr’a que estava destinado.”
Vera Oliveira