O ano letivo está prestes a começar e muitos jovens não sabem o que escolher no futuro, tanto a nível educativo, quanto a nível profissional. Tal como eu passei, e outros antes de mim passaram, muitos ainda irão vivenciar algo semelhante. A pressão social, familiar e dos amigos é algo incomodativo que nos deixa sem rumo. Parecemos um barco à nora no imenso oceano.
Sempre fomos ensinados que devíamos ser educados, gentis, de bom caráter, contudo nunca nos ensinaram a sermos nós mesmos.
Lembro-me de na escola ter a certeza daquilo que faria e nos últimos meses decidi que tinha mudado de ideias, não é que eu passei a desgostar daquela área, simplesmente não me via a trabalhar naquilo no futuro. Na verdade, sempre me disseram que ciências e tecnologias era o melhor, porque tinha mais saída e eu como até gostava daquilo arrisquei e fui.
No entanto, nem todos têm uma ideia mais ou menos definida. Temos aqueles que querem cursar administração, economia, sociologia… Nestes casos como devem fazer? Eles terão que ter história, geografia ou até físico-química e biologia, mas para quê? É verdade que alguma cultura geral não é nada mau, mas quem quer economia precisa saber os tipos de rocha? Ou que organelos têm certas plantas? Eu acho que não, mas parece que nem todos concordam com estas ideias.
Enquanto estudante do ensino secundário, ou até mesmo anterior, nunca me foi ensinado nada sobre economia, política ou até mesmo educação emocional. Pode não parecer importante, mas agora temos adultos, e não estou só a referir a jovens adultos, que não sabem administrar o dinheiro, que não se interessam na política e que para eles “os políticos são todos iguais”. Se calhar estamos todos desgastados emocionalmente, uma vez que não temos tempo para nós e porque nunca soubemos como digerir as nossas emoções.
Para além de que somos sempre pressionados a termos as melhores notas, mas o que farei com elas? Posso saber muito de matemática, português ou até mesmo educação-física, contudo se eu não quiser seguir nada relacionado a essas áreas não me servirá de muito.
Temos escolas que nos fornecem poucos cursos devido a serem os mais requisitados, mas quem nos garante que com mais escolhas não existam alunos que consigam se encontrar. Ciências e tecnologias e humanidades são os principais, mas os cursos profissionais sempre foram diagnosticados como cursos sem saída ou para pessoas que não queriam estudar. No entanto, não somos todos iguais e mais cursos deveriam ser impostos nas escolas, para que cada um se encontrasse, nem que fosse pelo menos um pouco.
Parece que estamos a ser embalados e a ser entregues ao futuro com qualificações rotuladas, como se fossemos bonecos iguais embalados em caixas de plástico com o mesmo papel de instruções.
Tiago Ribeiro