Treze de março foi o dia em que ocorreu a vigília, cujo objetivo era retratar os feminicídios que têm vido a ocorrer nos dias de hoje. O evento criado pelo movimento social Catarse e que teve início pelas 18h30 no Largo do Pelourinho, em Vila Real, foi denominado de “Por elas, por TODAS”. Tal como foi referido por Andreia Carvalho, um dos elementos do Projeto Identidade, responsável pela organização destes movimentos de rua: “há imensas vigílias a decorrer de momento por todo o país, (…) isto é mais um encontro de protesto e de manifestação contra a violência de género em Portugal, mais precisamente Vila Real”.
Esta ideia começou devido ao assassinato de Marielle Franco, uma vereadora que o tinha o poder de usar a voz para sensibilizar nações, no Brasil, e ao homicídio de Nélia Moniz, que ocorreu dia 15 de março, na Nossa Senhora da Conceição. Esta campanha quis ser contra a sociedade machista e promover a luta contra crimes ocorrentes, principalmente, nas mulheres que foram asssassinadas, quer pelos pais, quer pelos maridos ou por qualquer outra entidade masculina. Para tal houve a sensibilização da população para tais violências. “Estamos a falar de uma coisa que nos une, mas também que nos afasta: a violência. Somos todas vítimas de uma violência extrema, à escala global”, disse Andreia Carvalho.
Nesta vigília, houve também velas que foram acesas em memórias das mulheres silenciadas e que sofreram algum tipo de abusos; realizou-se ainda um minuto de silêncio em honra de Nélia Moniz e uma caminhada, no final da vigília, até ao largo da Nossa Senhora da Conceição, o local onde Nélia faleceu.
Muitas foram as vozes da população que quiseram ser ouvidas. Uma delas foi Eugénia Almeida que afirmou: “É por nós que aqui estamos, por todas as mulheres (…). Falta fazer muito ou até mesmo, fazer tudo”. Outra dessas vozes foi Catarina Peniche, cuja opinião sobre o assunto foi: “A violência é um crime comunitário. O não denunciar, o ficar calado é ser cúmplice de tais crimes e outra coisa, as entidades públicas têm responsabilidades para tais crimes. Muitas mulheres e homens denunciam às autoridades e nem sequer têm apoio”.
Foi promovida a ideia de que perante tal situação deve pedir-se ajuda, deve falar-se com as autoridades, deve ir-se à polícia, deve comunicar-se a alguém. Por favor não fique calado, comunique.
Mónica Oliveira
Fotografia: O Torgador (Marcelo Martins)