A noite deste domingo foi a derradeira noite antes do debate de “Velhas Guardas” e do fim dos debates televisivos. As duas únicas mulheres candidatas a São Bento defrontaram-se num braço de ferro.
Mariana Mortágua entro no debate num ataque cerrada ao PAN afirmando que este partido era tudo menos confiável usando o caso da Madeira e dos Açores como exemplo;
“[O Governo madeirense é pela] especulação, construção, destruição ambiental e por projetos imobiliários que não fazem qualquer sentido como o Dubai Madeira [empreendimento habitacional de luxo que vai nascer na zona oeste do Funchal]”, acusou a coordenadora do Bloco, que avançou em mais críticas ao PAN por ter viabilizado, ao lado do Chega e do PPM, o Orçamento dos Açores.
“Não há qualquer coerência, nem uma possibilidade de confiança por parte das pessoas no PAN que tanto apoia um Governo, como apoia outro, e governos da pior direita que temos”, reforçou ainda a líder bloquista.
No seu período de resposta, Inês Sousa Real sustenta a decisão de apoiar tais governos como sendo “um desígnio de todas as forças políticas democráticas: travar a extrema-direita”.
“Este foi o exercício que o PAN demonstrou que a população não tem de estar refém nem de maiorias absolutas, nem do medo do voto em função do que possa ser o crescimento da extrema-direita”, frisou.
Impostos com foco no IRC
Em matéria fiscal ficou entendido que há diferenças entre estes dois partidos, com a líder do Bloco de Esquerda a defender que não é correto dizer que a descida do IRC de 21% para 17% serve as pequenas empresas.
“O que não percebo é que como é que se introduzem essas taxas [sobre o carbono] e por outra porta se dá um benefício à Galp de 260 milhões de euros em quatro anos com abaixa do IRC”, sublinhou Mariana Mortágua.
Não compreendendo as dúvidas do Bloco, Inês Sousa Real mostrou que o PAN não está a beneficiar as grandes empresas e muito menos quem mais lucra e quem mais polui. No contra-ataque, o PAN fez o alerta que a proposta do BE sobre a limitação da taxa de juros e dos preços dificilmente acompanham as regras ditadas pela União Europeia.
No encerramento do debate, Mariana Mortágua usou da palavra para reiterar que “a solução para o país está na esquerda”, enquanto que Inês Sousa Real sublinhou que o futuro reside numa força política diferenciada e alternativa que “defenda os animais, cuide das pessoas e valorize a natureza”.
Texto: Hélder Fernandes
Imagem: DR