Debate LIVRE – PAN: a Esquerda de olho no futuro

Debate LIVRE – PAN: a Esquerda de olho no futuro

O debate entre os líderes parlamentares Rui Tavares, do partido L – LIVRE, e Inês de Sousa Real, do partido PAN – Pessoas, Animas e Natureza teve início às 18h25 do passado dia 14 de fevereiro na RTP 3.

O debate ficou marcado pelo foco nas temáticas Justiça, Energia e Impostos, pela cordialidade entre os políticos e pela maresia ideológica do PAN. Foram constantes as críticas da deputada à governação do PS e à falta de apoio por parte do LIVRE na vigente legislatura, com Rui Tavares a justificar as decisões tomadas com base no método apresentado pelo PAN para resolver as situações e não com base na ideia.

Justiça

Começando o debate pela Justiça, o moderador João Adelino Faria inquiriu Rui Tavares sobre a situação política na Madeira.

Com um direto “sim” à necessidade de reforma legislativa na Justiça, o político aponta para a obrigação de maior transparência e responsabilidade por parte dos campus jurídicos mas também para a necessidade de deixar a Justiça trabalhar. Critica, ainda, o abuso e interferência de poder político e os excessivos tempos de espera burocráticos.

Do outro lado, Inês de Sousa Real apoia essencialmente as noções gerais apresentadas por Rui Tavares. Realça o papel preponderante do PAN Madeira no atual caso de corrupção e defende a suspensão de todas as obras relacionadas com a Operação Influencer. Refere ainda a necessidade de mais meios na área, com especial ênfase na cooperação internacional e no combate a crimes de violência doméstica e contra animais.

Energia e Ambiente

Rui Tavares defende uma controlada exploração de lítio, opondo-se à abertura de novas minas mas não se opondo à exploração de escombreiras. Justifica, em parte, com a alegada preponderância de “baterias de sódio” como as baterias de daqui a 10 anos, em oposição às de lítio, realçando o papel que as salinas de Aveiro podem assumir. Defende, também, o potencial do hidrogénio verde em Portugal e a obrigação do Estado avançar com a exploração tecnológica e a gestão pública (não exclusiva) do recurso.

Contrariamente ao deputado, Inês de Sousa Real opõe-se inteiramente à exploração de lítio, citando o impacto negativo nas pessoas, nos animais e na natureza. A aposta, defende, deverá ser nas energias renováveis e não nos combustíveis fósseis, nucleares ou no lítio. A gestão pública ou privada da energia não parece ser especial preocupação do partido, conforme diretamente dito pela líder.

Durante este tempo, Rui Tavares refere como alguns temas importantes sofrem com a toxicidade política e, como tal, não são propriamente discutidos, atacando a generalidade política portuguesa atual. Inês de Sousa Real realça a necessidade de proteger os animais na lei portuguesa, destacando uma ocasião na qual o L poderia ter apoiado o PAN e provocado uma reunião extraordinária da Assembleia, sendo esta a suposta razão pela qual o L não apoiou.

Impostos

Ambos os partidos apoiam uma redução no IRC – Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas, com os mais ricos (e mais poluentes no caso do PAN) a pagar mais em impostos extraordinários.

Rui Tavares foca-se num sistema fiscal progressivo e na necessidade de fiscalização da Banca e das grandes energéticas. Inês de Sousa Real defende uma economia verde, majorações com base em políticas sociais e ajustes no IRS e IRS Jovem.

Fim

O historiador defende uma “maioria de progresso e ecologia” à esquerda, apelando ao voto no LIVRE e no PAN em detrimento do PS; isto, pois, “o voto no PS nem para implementar as ideias do PS serve”.

Inês de Sousa Real lembra que foi o partido dela quem mais medidas teve aprovada na legislatura e diz-se aberta tanto à esquerda como à direita com base no que for apresentado.

Texto: Joaquim Duarte

Imagem: DR