O debate entre o líder da Aliança Democrática (AD), Luís Montenegro e o Presidente do Chega, André Ventura, ficou fortemente marcado pelas sucessivas interrupções e acusações de ambas as partes. A AD contínua a dizer “não” a André Ventura que apelidou o PSD de “colo” do Partido Socialista.
O frente a frente entre Montenegro e Ventura, pouco falou de medidas para o país e mudanças propostas, a grande vitória do debate foi para as interrupções, que marcaram fortemente os aproximadamente 40 minutos de discussão dos dois candidatos. Viabilizações, pensões, corrupção, afinal a direita não é assim tão parecida.
Na parte das viabilizações, a palavra começou do lado de Luís Montenegro, com o líder da AD, a fugir à pergunta do jornalista e voltou a frisar que não viabiliza um governo com o Chega e de maneira alguma se coliga com o partido de “extrema-direita”.
“Governarei se vencer as eleições e não farei entendimento político com o Chega, não é não”
Luís Montenegro
André ventura apressou-se a interromper o adversário e apelidou Luís Montenegro de “Indeciso e incapaz” as acusações não terminaram por aí, o líder do Chega chegou mesmo a dizer que o PSD salta para o colo do PS, no sentido da viabilização de um possível futuro Governo.
Luís Montenegro, contrapôs a acusação com os resultados mais recentes das sondagens afirmando que o seu partido será o grande “vencedor” a 10 de março, ao que Ventura aconselhou o Líder Democrata a rever as sondagens, afirmando que o Chega será novamente o partido que mais cresce, dizendo que é total fantasia a maioria absoluta que equacionada pela AD.
“A candidatura da AD é para ganhar as eleições, com maioria absoluta, se tiver deputados para isso, ou maioria relativa. os eleitores têm de ponderar entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos”, explicou Luís Montenegro, que depois frisou as recentes declarações do Chega, que voltaram a apelidar o PSD de “Prostituta da esquerda”, o que para o Líder da AD é uma declaração ofensiva e infeliz. Com Montenegro a afirmar, que apenas vê o PS como real adversário.
De medidas, o debate foi pouco recheado.
Luís Montenegro começou por avançar, que se a AD vencer as eleições pondera reunir nos primeiros tempos de governo com as forças policias, com o objetivo de encontrar um entendimento favorável a ambas as partes, admitindo que a medida vai demorar algum tempo, mas o problema deve ser resolvido “o mais rapidamente possível”.
Já André Ventura, de medidas concretas pouco apresentou. Regressou ao ataque, afirmando que no passado Luís Montenegro, zangou-se com os Polícias e afastou-se das forças de segurança.
Montenegro, respondeu com as medidas “catastróficas e irreais” do Chega para o setor:
“Irresponsabilidade programática financeira e política, como a medida da filiação partidária e o direito à greve, é uma tentativa de colocar os partidos políticos dentro das esquadras. Esta irresponsabilidade financeira de prometer tudo a todos, achando que há recursos financeiros. A medida é inaceitável.”
Uma das propostas do chega é a aprovação da possibilidade de filiação partidária e direito à greve para as forças de segurança. Medida considerada inaceitável com o objetivo de politizar as forças policiais.
Corrupção:
Quando a corrupção chegou ao debate, trouxe consigo as interrupções que se intensificaram. Com as medidas propostas pela AD a serem apelidadas de “cópia” de programa por André Ventura.
Nesta área, Montenegro propõe tirar burocracia ao estado e ao ministério publico, mais investigação para o lobbying e o enriquecimento ilícito, e reuniões com a PJ, PGR e ministério público. Já o Chega apresentou a grande “arma” da campanha, o partido liderado por André Ventura propões o arrestar e penhorar todos os bens de todos os condenados por crimes ligados a corrupção.
Pensões:
Na área das pensões, o debate regressou ao passado, com acusações de ambas as partes. André Ventura, acusou o PSD de baixar as pensões e colocar entraves ao seu aumento, Montenegro contrapôs dizendo que ”corte de pensões? Foi quando Ventura ‘batia palmas’ ao PSD”.
André Ventura, afirmou que “ninguém acredita nas medidas do PSD para as pensões”, já Montenegro fez ouvir a sua palavra, afirmando que o objetivo é colocar as pensões no valor do salário mínimo atual, 820 euros.
A saúde conseguiu trazer leveza ao debate e ser área a mais consensual, com as propostas de um sistema de saúde misto onde o social e o privado complementam o SNS a ser defendido por ambas as partes. Com a conversa a ser levemente “picada” com acusações e perguntas de ambos os candidatos sobre os programas dos dois partidos.
Texto: Miguel Almeida
Imagem: DR