O debate entre Chega e Iniciativa Liberal foi o foco da noite de dia 6 de fevereiro da SIC Notícias. Apesar de, ideologicamente, poder parecer que têm semelhanças a nível económico, o livro não se pode julgar pela capa.
Ambos os partidos concordam na necessidade de um alívio fiscal que chegue ao bolso das famílias, mas discordaram em tudo o resto. André Ventura foi acusado de ser “socialista” e Rui Rocha de viver num “modelo abstrato de país”.
“É preciso enquadrar o país em que estamos: a carga fiscal tem aumentado brutalmente, as pessoas sentem que muito do que pagam vai para o Estado, precisamos de uma descida de impostos, não pode ser total”, iniciou André Ventura.
Para o líder do Chega é essencial reduzir o IRC, “onde se atrai mais investimento”, e com isso vem crescimento económico que gera mais emprego e mais riqueza e, de seguida, criticou o IMI, afirmando que é um desincentivo ao mercado.
Rui Rocha, também tem uma diminuição da carga fiscal estipulada no seu programa. Contudo, quando surgiu o assunto TAP, as divergências começaram a ficar evidentes.
Para André Ventura, a TAP é “estratégica”, para a IL a TAP tem de ser privatizada. O Chega justificou que a companhia aérea não poderá ser privatizada sem um equilíbrio, sendo que a Ibéria poderia tornar Madrid o centro da Península Ibérica e não Lisboa.
“Vocês só sabem privatizar e despedir os trabalhadores”, acusou Ventura.
Com isto, Rui Rocha partiu, também, para a crítica. Melhor que isso, elucidou a audiência sobre a perspectiva liberal das medidas do Chega: são socialistas.
“André Ventura é semelhante ao Partido Socialista, às vezes parece que estamos a falar com Pedro Nuno Santos. André Ventura quer limitar as margens de lucro das empresas, socialista, quer aumentar o Salário Mínimo para 1.000 euros, pondo em causa pequenas e médias empresas, socialista, quer taxar mais a banca e gasolineiras, socialista, quer uma TAP nacionalizada, socialista, quer aumentar as pensões para o valor do Salário Mínimo Nacional, socialista”, enumerou o líder liberal.
Após essas acusações, André Ventura justificou que as suas medidas iam de acordo com as necessidades do “país real”, ao contrário da Iniciativa Liberal, que se encontra “desligada”.
“Rui Rocha deixou claro que não quer aumento de pensões. Falta de compromisso social é votar contra os aumentos dos polícias, bombeiros, permanentemente em nome de uma ideia de mercado estar contra todos os setores profissionais”, disse o líder do Chega.
Em relação ao tópico emigração, André Ventura, que se diz católico, afirma não existir “desconforto” ao defender mais controlo da fronteira e da entrada de imigrantes.
“Não há desconforto. O país tem de receber bem, mas não pode ser um país em que ninguém controla nada, com porta completamente aberta, temos terroristas a andar pelo país e ninguém controla nada, isto é bandalheira. Para sermos um país decente, temos de controlar, não é ser contra imigração”, elucidou.
Já a IL, também tem algumas medidas no seu programa eleitoral para a crescente imigração, mas não assume a posição do seu “opositor” em debate.
“O que pretendemos é uma imigração com dignidade e humanismo, é bem-vinda, a economia não funcionaria se não tivéssemos imigrantes. O que não podemos é ter um país em que, por facilitismo exagerado, tenhamos pessoas envolvidas e exploradas por redes de tráfico, o visto de procura de trabalho, contrato e prova de meios é o que toda a Europa está a fazer e é o que faz sentido, porque se tiverem isso não estão sujeitas a abuso”, explicou Rui Rocha.
Sobre soluções governativas, tendo em conta os resultados eleitorais que podem assegurar uma maioria de direita absoluta – ou representativa, Rui Rocha disse que “transformar o país” e que, não sendo a IL a ganhar as eleições, a “única solução é trazer o PSD para as transformações necessárias”.
“Eu sou líder de um partido há cinco anos e foram sempre a crescer ao contrário das suas sondagens, eu sempre disse: ou há acordo de Governo ou não. A IL está doida para se meter na cama com o PSD ou qualquer partido que governe, vocês querem entrar em qualquer solução”, acusou André Ventura.
Rui Rocha sancionou a atitude de André Ventura ao recusar declarar que viabilizar um governo minoritário entre PSD e IL, com isso ditou: “um voto no Chega é um voto no PS, André Ventura coloca o PS no poder”.
Texto: Carolina Lopes
Imagem: DR