Foi no passado dia 30 de setembro que a Companhia Nacional de Bailado (CNB) encheu o palco do Teatro de Vila Real com os movimentos frenéticos de Symphony of Sorrows e Cantata.
Esta digressão, inserida no programa da CNB, reúne os coreógrafos Miguel Ramalho e Mauro Bigonzetti que apresentam uma perspetiva sobre o coletivo em ambas as peças.
Com um abstracionismo carregado e um ambiente intimista, Symphony of Sorrows, do coreógrafo e Bailarino Principal da CNB, Miguel Ramalho, recai sobre o papel da união enquanto principal força de superação. Entre suspiros e respirações fortes, passos leves e também agressivos, esta peça expõe os contrastes num mundo onde existe sofrimento, injustiça, desespero, perda, mas, ao mesmo tempo, esperança e conforto no encontro com um coletivo que permite a vulnerabilidade do ser.
Depois de um intervalo de cerca de dez minutos para dar tempo ao público de digerir, refletir sobre a densidade de Symphony of Sorrows e, por fim, preparar-se para entrar num cenário completamente diferente, começa Cantata.
Em Cantata, de Mauro Bigonzetti, os ritmos irrequietos, as escolhas musicais e o guarda-roupa denunciam vincadamente a cultura e as tradições típicas do sul de uma Itália “antiga”, dos séculos XVIII e XIX.
Desta vez, os bailarinos, para além dos movimentos corporais, dão também uso à própria voz, através de cantos na língua italiana e diálogos, tanto em italiano como em português, ao longo da coreografia. Cantata insere-se num ambiente festivo e profano, repleto de cores vibrantes, musicalidade e gargalhadas, que contagia e envolve a plateia. Bigonzetti, na criação desta peça, explora também a paixão, o ciúme, a sedução, a excitação e a intensidade presentes na relação entre homens e mulheres, através dos movimentos e gestos apaixonados.
Symphony of Sorrows e Cantata encerraram a programação do mês de setembro do Teatro de Vila Real. A bilheteira para a agenda cultural do último trimestre do ano está disponível a partir de dia 3 de outubro.
Madalena Andrade
Imagem: Hugo David