Tour de France | Do “mano a mano” aos abandonos de peso – O início do Tour no país basco

Tour de France | Do “mano a mano” aos abandonos de peso – O início do Tour no país basco

O Tour de France terminou ontem a sua passagem pelo país basco, lugar de onde partiu no sábado. Neste momento, Adam Yates (UAE) lidera a classificação geral e Pogacar, seu colega de equipa, é o primeiro entre os favoritos.

Já é longa a tradição de iniciar o Tour fora do seu país natal, mas nos últimos anos esse hábito tem sido mais recorrente. Não só é uma oportunidade de levar a maior competição de ciclismo do mundo aos fãs fora de França, como é mais rentável financeiramente. Nos últimos 10 anos o Tour arrancou fora de território gaulês por 6 ocasiões, para o ano passarão a ser 7 vezes em 11 anos pois o início está marcado para Florença.

As três etapas disputadas em solo basco prometiam – no papel – e acabaram por entregar bastante emoção, algo pouco usual nos primeiros dias de uma Grande Volta. As diferenças de tempo entre alguns favoritos já é algo significativa, sendo que Ben O’Connor (AG2R) perdeu mais de 1 minuto logo no primeiro dia, hipotecando a hipótese de fechar de novo no pódio. Daniel Martinez (INEOS), no somatório das 3 primeiras etapas, perdeu mais de 12 minutos e já está fora da luta pelo “top 10”.

A primeira etapa mostrou imediatamente o porquê do Tour ser tão conceituado. Houve de tudo, inclusive um “mano a mano”… literalmente. Simon Yates (Jayco) e Adam Yates (UAE), irmãos gémeos, decidiram a etapa 1 entre eles, após escaparem já nos quilómetros finais. Depois da última subida (2km a 10% média de ascendente) Pogacar (UAE) e Vingegaard (Jumbo) distanciaram-se dos demais, levando com eles o homem do momento, Victor Lafay (Cofidis), mais tarde o grupo voltou a juntar-se, e os gémeos – que são de equipas diferentes – fugiram e colaboraram até à meta, onde Adam (UAE) levou a melhor. Esta etapa ficou, ainda, marcada por 2 abandonos de peso. Enric Mas (Movistar) e Richard Carapaz (EF – Education) – líderes das respetivas equipas – foram forçados a desistir, devido às mazelas provocadas por uma queda.

Na etapa 2, realizada no domingo, tudo parecia apontar à vitória de Van Aert (Jumbo), o homem dos sete ofícios, que no Tour passado ganhou etapas ao sprint, em fugas e na montanha. Já dentro dos últimos 5km, Lafay (Cofidis), o mesmo que havia ficado com os 2 grandes favoritos no dia anterior, partiu de trás do grupo e cortou a meta isolado. A amarela ficou na mesma com Adam Yates (UAE) e ontem, o inglês voltou a conservá-la numa chegada ao sprint, com vitória de Jasper Philipsen (Alpecin). O belga ainda teve de esperar pela confirmação do VAR por ter tocado no compatriota Van Aert (Jumbo) no sprint.

Na luta pela vitória cada vez mais se desenha uma luta a dois. Pogacar (UAE) partiu com ligeira vantagem sobre Vingegaard (Jumbo) depois de ter sido mais ambicioso nas bonificações. Fez 3º nas duas primeiras etapas e somou 8 segundos de bónus, duplicando essa conta no dia seguinte. Já o dinamarquês apenas coletou 5 segundos na etapa 2. De momento a distância é residual e a decisão está reservada para as etapas de alta montanha, por exemplo, a etapa 6 e a 9, para referir só a primeira semana.

Até agora os portugueses passaram despercebidos. Rui Costa (Intermarché Wanty) vai com o objetivo de voltar a vencer uma etapa no Tour. Já Nelson Oliveira e Ruben Guerreiro, ambos da Movistar, têm agora a missão de lutar por etapas, ou eventualmente pela vitória na categoria de Melhor Equipa, depois do abandono do líder Enric Mas.

O Tour partiu já hoje, em território francês e perspetiva-se nova chegada ao sprint.

Texto & Grafismo: Tiago Santos

Imagem: Tour de France