Vinte e quatro de fevereiro de dois mil e vinte e dois, as sirenes tocam na Ucrânia, pela primeira vez, sinalizando o início da maior invasão militar da Europa, desde 1939.
Derivado deste conflito, surgem milhões de crianças reféns do mesmo e aliadas à palavra “refugiar”, por mais contrariadas que estejam.
Estas despedem-se desesperadamente de seus pais, soldados do seu país que têm como único objetivo defendê-lo, mesmo que isso implique o custo da própria vida, e caminham, muitas delas sozinhas, até à fronteira mais próxima, sem qualquer tipo de reconforto emocional. Às costas, carregam o pouco de comida que lhes foi fornecido e os seus brinquedos favoritos. No corpo, estão registados números de telefone de familiares, para que, quando chegarem, estes sejam contactados e permanecer no laço familiar.
Aqui, assistem aos cenários mais horrendo desde o desespero, a fome e até mesmo violações. O que pensarão estas crianças? Não era, de todo, isto que elas idealizavam quando ouvem a palavra “infância”. E os seus pais? Qual será o tamanho da sua revolta? São perguntas para as quais não tenho resposta, nem eu, nem nenhum de nós, visto que não passamos de meros espectadores desta nova realidade que nos parece tão longínqua.
Por fim, deixo aqui a questão: seremos nós a procurar a nossa própria extinção?
Carolina Castro