O debate entre o PAN e o PS, do passado dia 8 de janeiro, decorreu em total consonância, com uma troca de elogios de ambas as partes, num diálogo “construtivo” onde se colocaram contra o chumbo do Orçamento de Estado que levou a uma “absurda” crise política.
Avançando a troca de elogios e a clara disponibilidade do PAN, algo que António Costa afasta, estando focado na ideia da maioria absoluta, foram visíveis alguns detalhes que ainda precisam de ser aperfeiçoados em campos como o rendimento básico incondicional, a estratégia para o novo aeroporto de Lisboa ou a transição energética.
A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, exigiu mais transparência nos contratos de exploração de lítio e na necessidade de diálogo com as populações das regiões onde se prevê que sejam efetuadas as explorações. Além disso, reforçou a implementação de um projeto-piloto para um novo subsídio social e ainda a inclusão de Beja como uma das localizações possíveis para o novo aeroporto, alargando as alternativas a Montijo e Alcochete.
Costa chegou a alertar para “exageros” por parte do PAN, deixando, no entanto, a porta aberta para acalmar as preocupações do partido liderado por Inês Sousa Real na área do ambiente, havendo acenos com a cabeça em sinal de concordância quando esta reforçava a necessidade de uma “economia verde e responsável”.
António Costa trouxe para o debate a disponibilidade de o PAN negociar com o PS e o PSD lembrando Inês Sousa Real de que os sociais-democratas têm no seu programa entre outras medidas, a liberalização da plantação de eucaliptos e a reversão da tutela dos animais de companhia para regressar à Direção Geral de Agricultura e Veterinária admitindo ter “dificuldade em compreender a equidistância” do PAN em relação do PS e PSD. A porta-voz do Pessoas – Animais – Natureza, prontamente, garantiu que o partido tem “um distanciamento completo obviamente dessas opções”.
O debate terminou com a certeza de que poderemos ver uma negociação pós-eleitoral entre PS e PAN no caso dos socialistas não conseguirem alcançar a maioria absoluta.
Carlos Cardoso