West Side Story, remake do filme de 1961, marca o regresso de Steven Spielberg aos cinemas. O realizador, que ao longo da sua extensiva carreira, iniciada em 1959, ficou conhecido por blockbusters gigantes aclamados, simultaneamente, pela critica e pelo publico, como: “Os Saqueadores da Arca Perdida” ; “E.T ”; “A Lista de Schindler”; “Jaws”; etc.
O novo West Side Story, relata a estória de Tony (interpretado por Andel Elgort) e María (interpretada por Rachel Zegler), dois jovens de gangs opostos (os Jets e os Sharks) que se apaixonam e vivem um romance bastante reminiscente da obra Romeu e Julieta. Este regressa às telas de cinema sem grandes deviações do original, o que muda, no entanto, é a filosofia com a qual Spielberg aborda a estória.
Enquanto o filme de 1961 é subversivo na maneira como aborda a temática social, ao tocar nela de forma explicita, apenas nos números musicais “Gee, Officer Krupker”, dos Jets, e “America “, dos Sharks. O remake deixa isso claro nos primeiros segundos do filme, que mostram o problema muito real da gentrificação que afeta bairros povoados pela classe baixa e minorias étnicas.
Outro aspeto em que o remake se demarca do original, é com a atitude otimista com a qual a estória é abordada. No original -e irei explicar isto muito vagamente para evitar dar spoilers– o filme termina sem esperança para o fim do ciclo vicioso de violência e que, apesar dos acontecimentos trágicos do final do filme, nada entre os dois gangs vai mudar. O West Side Story, de Spielberg, oferece, nos seus últimos segundos, uma esperança para o fim dos conflitos entre o gang americano e o gang porto-riquenho, algo que é feito de uma forma bastante comovente, e tendo visto o original, achei totalmente inesperado.
Vivemos na era do remake. Cada vez mais parece que todos os filmes adorados do passado vão sucumbir a esta onda de nostalgia, que até agora produziu um monte de filmes medíocres, descartáveis e totalmente desnecessários, que não servem para nada senão garantir aos estúdios um lucro fácil. Tendo isto em mente, não pude deixar de temer que o novo West Side Story fosse um destes casos, especialmente após ter visto e adorado o original.
Felizmente, coloco este filme na categoria de remakes que não são uma mera tentativa de recriar ou superar o original, mas sim, daqueles que à semelhança do Suspiria de Luca Guadagnino expandem o original e iniciam uma conversa artística com ele. Embora não o faça de uma forma tão radical, Spielberg criou algo que não pretende ofuscar o West Side Story de 1961, mas sim criar um filme que o complementa e que é complementado por ele.
Recomendo fortemente o West Side Story (2021). Embora não possa prometer que irá ser do agrado de todos, pois remakes nunca o são, considero que o filme possui os ingredientes certos para cativar espectadores que estão mais habituados ao cinema moderno pela sua acessibilidade, e para provocar e surpreender os fãs do original.
Hélder Silva