Afinal de contas, quem somos?

Afinal de contas, quem somos?

Simplesmente nós e a superficialidade das coisas. Colocar todos em caixinhas parece ser a solução mais fácil e lidar com a diferença torna-se desafiador por si só. Aonde estará o limite deste “apartheid” estético que as pessoas tanto gostam por mera conveniência do ser? Até que ponto será capaz de perdurar? Como seres humanos, somos líquidos, somos como um copo de água. Logo, como rotular um copo que ora está cheio, ora está meio cheio e agora já está vazio!

O processo de compreender o outro é o ato mais singelo de empatia! As culturas foram feitas de modo a unir os povos e devem ser reavaliadas constantemente pois a sociedade cresce de modo evolutivo. É inimaginável pensar na sociedade atual a viver com costumes enraizados do passado mais distante. Desconstruir significa rever os nossos princípios com olhos de ver, gente que não se deixa mudar pela sentença do tempo que corre está confinada a estupidez. Digo estupidez no sentido não pejorativo, mas sim no mais lato possível, aquele que resiste por ignorância e falta de sensibilidade. Sensibilidade deveria ser o elo mais precioso que liga uma pessoa a outra, mesmo que por vezes custe pensar fora dos costumes aceitáveis, é necessário. São situações de extrema dificuldade que nos empurram para a nossa melhor versão, não aprendemos com o conforto, crescemos e evoluímos com a dor. Tomo como liberdade dizer que é o traço que faz com que sejamos humanos, seres que sentem e reconhecem os seus anseios e dores.

Não é como se tivesse dito tudo sem dizer nada, mesmo os pilares mais fixos do nosso interior precisam de manutenção. A liberdade é uma ideia engraçada de se conceber no mundo que vivemos. Achamos que somos livres para pensar e agir, vivemos sem muros e escolhemos não fugir. Já dizia Huxley, somos como escravos que amam a escravidão, graças ao divertimento e ao consumo inconsciente que alimentam as indústrias por aí a fora. Se souberem que o mistério da vida está nas relações, na conexão que criamos com o outro e com a natureza, a máquina começa a enferrujar. Contudo, quem sou eu para falar sobre os mistérios da vida e os grandes mitos. Abraço a insignificância do meu pensamento e a significância do gozo de expressá-lo livremente. Devíamos prezar por essa individualidade de pensar e agir, tendo em conta o outro e os seus contextos. Pessoas são pessoas e querem pessoas! Estas não são projetos sistemáticos, estabilidade não existe, somos defeituosos como marca de nascença. E, no entanto, o tempo passou, tantas palavras ditas, mas aonde reside o agir?

Giovanna Querubim