Na passada sexta feira, o Teatro de Vila Real acolheu o músico tondelense Samuel Úria e a sua banda para encerrar as atividades musicais agendadas para o mês de maio.
Membro do movimento Flor Caveira, editora discográfica que emergiu nos inícios do século XXI, Samuel Úria vai percorrendo uma carreira que enaltece o seu nome, através de uma discografia marcada muitas vezes por reflexões e desígnios do cantautor beirão.
Os recursos de Samuel são notórios, desde a riqueza lírica das suas canções à utilização de elementos sonoros de diversos estilos musicais. As principais referências artísticas do músico português – Leonard Cohen, Johnny Cash, Bob Dylan, Elvis Presley – assim o caracterizam, num estilo folk rock melancólico com resquícios de punk e gospel.
De volta à cidade transmontana, que o acolheu em 2016 na estreia do seu álbum ‘Carga de Ombro’, o mote foi semelhante e congruente ao que já havia feito no Teatro de Vila Real. Desta vez, apresentou ao público vilarealense grande parte do seu mais recente trabalho ‘Canções do Pós-Guerra’, álbum idealizado e concebido já em período pandémico. Entre canções acústicas e sintetizadas, este ultimo trabalho de estúdio promove uma exortação à vida, às guerras interiores e espirituais de Samuel Úria e linearmente apresenta-se como uma ode aos costumes da sociedade, num todo.
O concerto teve ainda a presença de músicas de outros trabalhos do autor, nomeadamente êxitos como ‘É preciso que eu diminua’ e ‘Lenço Enxuto’ (em colaboração com Manuel Cruz). O jogo de luzes acompanhava a batida da percussão e o cantor não se quis ‘alongar nas palavras’ para poder ‘tocar o máximo’ que conseguisse.
Referir ainda que a sala esteve lotada, consoante os lugares permitidos, levantando-se em agrado geral após o encore de Samuel Úria e da sua respetiva banda.
Ficha técnica:
Guitarra e Voz – Samuel Úria
Guitarra, Harmónio Indiano e backing vocals – David Santos
Baixo e backing vocals – António Quintinho
Teclas, Oboé e Castanholas – Silas Ferreira
Percussão e Xilofone – Tiago Ramos
Setlist:
1 – Fica Aquém (Canções do Pós-Guerra, 2020)
2 – Tempo Aprazado (Canções do Pós-Guerra, 2020)
3 – Aeromoço (Carga de Ombro, 2016)
4 – Mãos (Marcha Atroz, 2018 EP)
5 – Aos Pós (Canções do Pós-Guerra, 2020)
6 – Guerra e Paz (Canções do Pós-Guerra, 2020)
7 – As traves (Canções do Pós-Guerra, 2020)
8 – Carga de Ombro (Carga de Ombro, 2016)
9 – O Muro (Canções do Pós-Guerra, 2020)
10 – A contenção (Canções do Pós-Guerra, 2020)
11 – Lenço Enxuto (O Grande Medo do Pequeno Mundo, 2013)
12 – É preciso que eu diminua (Carga de Ombro, 2016)
13 – Repressão (Carga de Ombro, 2016)
Encore
14 – Fusão (Marcha Atroz, 2018 EP)
Romeu Mota
Fotografia: Inês Rodrigues