Depois um ano a viver em plena pandemia, a saúde mental da população tem-se afirmado como um fator de preocupação por parte das entidades de saúde deste país.
Ao longo dos anos, como é de conhecimento geral, o Serviço Nacional de Saúde sempre investiu com prioridade na saúde física, desvalorizando a necessidade que a sociedade tinha por um serviço benéfico em psicologia. Este sempre foi uma nódoa negra no que tocava a consultas e tratamentos psicológicos. Estaríamos semanas à espera para ter uma consulta com um psicólogo, e durante este tempo, ou as pessoas recorreriam ao privado, ou então, as que não tinham possibilidades para tal, teriam de aguentar até que chegasse a sua vez.
Apesar da gravidade da situação, a realidade é que os tempos que estamos a viver agora são totalmente diferentes e a necessidade acresceu. Esta pandemia tem-se traduzido nas dificuldades e na vulnerabilidade da saúde mental da população. Estudos vem a comprovar que cada vez mais tem surgido ansiedade e depressão, resultantes do medo, da insegurança perante o futuro, do afastamento das relações, do possível contágio e do isolamento social.
A mudança da rotina e a realidade das pessoas, nomeadamente o teletrabalho e os desafios com os fechos das escolas, criou uma sobrecarga e um excessivo esforço ao ser humano, levando-o a situações de stress e pânico.
Por sua vez, os profissionais de saúde, que lutam na linha da frente contra este vírus, deparam-se com situações que nunca antes presenciaram. As decisões que são forçados a tomar, a pressão avassaladora e, em muitos casos, o afastamento da família, levam a um cansaço físico e psicológico extremo.
Outra situação que carece de uma atenção especial, interliga-se com o elevado número de óbitos surgidos com a pandemia. A perda de um ente querido e, em muitos casos, a privação de uma despedida, faz com que seja um processo ainda mais doloroso do que já é. Em acréscimo a tudo isto, temos ainda uma população a enfrentar contágios, isolamentos, situações precárias e desemprego.
Este vírus criou desafios à nossa mente que muitos de nós não estávamos preparados para enfrentar. Fez com que a rotina da vida entrasse num círculo vicioso, onde o futuro encontra-se numa enorme nuvem, cheio de incertezas e medos. A nossa mente desafia-nos a cada minuto com emoções que nunca pensávamos vir a sentir em tao pouco espaço de tempo.
Desta forma, surge uma grande necessidade em apoios psicológicos, solidariedade e a união ao outro, mais do que nunca. É importante saber pedir ajuda, e saber reconhecer quando não estamos bem. É fundamental que escolas e as entidades empregadoras criem estratégias de forma a garantir o bem-estar. É necessária uma atual intervenção organizada, de modo a ajudar nas dificuldades agora enfrentadas, de forma a prevenir um agravamento e, levar a uma melhor adaptação no pós-pandemia.
Uma depressão e uma ansiedade não são apenas tristeza e stress do momento. Estamos perante situações que se não forem tratadas, levam a consequências graves, o curto e longo prazo. Para que haja este apoio e este cuidado, a saúde 24 estabeleceu beneficamente, durante a pandemia, uma linha de apoio a pessoas que precisam de uma simples conversa, de uma voz amiga, de um locutor ou de um simples apoio.
É importante cuidar da saúde mental. É fundamental que as pessoas percebam que não estão sozinhas, que existe alguém a quem recorrer durante esta situação tao atípica. Este apoio é essencial numa altura onde os abraços e os afetos não são possíveis.
Catarina Fernandes