Já se passou mais de um ano desde a aparição dos primeiros casos da covid-19 e, com este passar do tempo, surgiram também as primeiras vacinas de combate a esta doença que tantos problemas nos tem dado. Pfizer, Moderna e Astrazeneca são alguns dos nomes das empresas farmacêuticas que estão a dar que falar quando se toca neste tema e, em várias das situações, não é por boas razões.
Pfizer e Moderna, ambas americanas, destacaram-se com rapidez na sua eficácia, que ronda os 95%, assim como também se destacaram aos olhos dos países mais afetados que, ao verem as mesmas disponíveis para compra, demonstraram rapidamente um grande interesse por adquiri-las. Alguém que não ficou atrás da revolução existencial das vacinas foram os negacionistas. Esta espécie de comunidade, revoltada contra um par de “picas” no braço, e que está principalmente sediada nos Estados Unidos, assumiu teorias como a de que estas vacinas americanas seriam uma desculpa para implantar chips 5G nos nossos corpos e para tornar o Bill Gates ainda mais rico (como se ele já não estivesse satisfeito com o que já tem…).Só lhes faltava realmente afirmar que, de certa maneira, este chip provocaria em nós, a criação de um campo magnético e nos tornaríamos uma espécie de íman humano. Assim, seria muito mais fácil explicar o grande número de atropelamentos nos países onde grande parte desses negacionistas se revoltam. Como? Justificando que quem realmente tinha a culpa, no caso do atropelamento do João, era o próprio, que se encontrava no passeio da saída do hospital onde tinha acabado de ser vacinado, e não o condutor bêbado que ia ao volante que, por um “leve” descuido, não viu este rapaz (que ia com um casaco refletor) à frente do seu Lamborghini. Enfim, pobre coitado do João… não só vai ter de pagar as contas do hospital, já que não tem nem SNS, nem dinheiro para um seguro básico, como também terá de pagar a recuperação da amolgadela que deixou no carro, visto que afinal de contas, o rapaz não tinha nada que estar num passeio …
Por outro lado, surgiu com destaque a Sputnik. Esta vacina de origem russa com cerca de 92% de eficácia, não pôde ficar atrás das americanas e deu muito que falar no que toca a revoltados com picas. A desconfiança com um país que, em tempos, gerou problemas de nível mundial, parece ainda estar guardada no cantinho do rancor de muita gente que afirma ficar com medo de segundas intenções do país de Putin. Talvez, depois da administração da primeira dose, os pacientes comecem a deixar algumas frases parcialmente inacabadas em reticências e, quiçá com a segunda, comecemos a soltar umas palavras em russo no meio das frases depois de termos bebido uma vodka ao pequeno almoço. Por isso, fico feliz por só ter tido a primeira dose, mesmo não sabendo de onde a mesma provinha…
Por último, e não menos importante, surge a vacina desenvolvida pela Astrazeneca. Este trabalho inglês pareceu, em solo português, bastante bem recebido. Mesmo com o seu 70% de fiabilidade, o povo português demonstrou estar interessado nestas vacinas que, por mero acaso, são mais baratas que as referidas anteriormente. Assumo que o preço não seja mesmo a principal causa do interesse, mas sim o facto de ser desenvolvida num país onde trabalham imensos portugueses altamente qualificados e preparadíssimos no setor da saúde. Se há uma correlação direta? Provavelmente não! Mas confio que a falta deles cá, acabe por ter algum peso lá, de uma forma positiva.
Assim, concluo que apesar de todos os negacionismos existentes, fico é feliz por já conseguirmos combater a Covid de uma maneira mais eficaz e sinto-me totalmente seguro depois de tomar a primeira dose da vacina, mesmo não sabendo de onde vinha… Talvez possa ser a da Pfizer, tendo em conta que no outro dia estive bem perto de um carro e nada aconteceu… Talvez fosse porque ele estava parado… Ou então deve ter sido alguma das outras vacinas, mas continuo sem saber identificar qual….
Rodrigo Costa