Associação “Terra Maronesa” doa carne a instituições de solidariedade em Vila Real e afirma dificuldade no escoamento do produto

Associação “Terra Maronesa” doa carne a instituições de solidariedade em Vila Real e afirma dificuldade no escoamento do produto

A Associação de Paralisa Cerebral de Vila Real foi a primeira instituição a beneficiar deste contributo mas os criadores de carne maronesa pretendem ajudar outras instituições do distrito

A comunidade “Terra Maronesa”, devido à acumulação de produtos, decidiu doar carne maronesa a Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS). A iniciativa tem como objetivo passar uma mensagem solidária, mas também de apelo para a quebra nas vendas que rondam os 85% neste ano, devido à pandemia.

A primeira doação decorreu, na passada sexta-feira, na sede da Associação de Paralisia Cerebral (APC) de Vila Real, uma instituição com lar para pessoas com deficiência e Centro de Atividades Ocupacionais, que realiza cerca de 100 refeições por dia. Esta iniciativa pretende beneficiar todas as IPSS com estruturas residenciais para idosos dos quatro concelhos com maior produção de carne maronesa, isto é, Vila Real, Vila Pouca de Aguiar, Mondim de Basto e Ribeira de Pena.

Os produtores da considerada “Melhor carne do mundo” estão a sofrer as consequências da pandemia, com a dificuldade em escoar o stock existente. A restauração, também vítima da pandemia, é o principal canal de comercialização da carne maronesa, e “também não está a conseguir escoar o nosso produto” declarou Aureliano Rego, produtor.

A carne é comercializada pela Cooperativa Agrícola de Vila Real e, segundo Marília Olhero, responsável pela parte comercial, a quebra nas vendas ronda entre os 85% a 90%. “Estamos a conseguir vender apenas cerca de 15% daquilo que vendíamos no ano passado (…). Não conseguimos dar a volta à situação porque os estabelecimentos estão fechados, os restaurantes, que eram os nossos principais clientes, não os deixam trabalhar e eles não estão a comprar a nossa carne”, referiu.

António Moutinho, criador de 62 anos em Souto, Vila Pouca de Aguiar, tem mais de cem animais reprodutores e afirmou que a produção de carne localizada na Serra do Marão e do Alvão é a sua única fonte de rendimento. “Vivemos todos disto, mas a Covid-19 veio alterar tudo. Nós produzíamos essencialmente para a restauração e como os restaurantes estão praticamente parados está difícil”, declarou o produtor.

Recorde-se que, a carne maronesa em julho de 2020, foi considerada a “Melhor Carne do Mundo”, num concurso de degustação mundial. O concurso contou com a participação de vários chefes internacionais, promovidos pela “Fisterra Bovine World”, uma organização sediada em Espanha. A raça do gado do Marão e Alvão era a única representante portuguesa e competia com a comum Holstein-Frison, a Angus, do Reino Unido e a Wagyu, do Japão. O projeto, “Fisterra Bovine World”, criou durante 24 meses as várias raças autóctones, assegurando que os animais tinham a máxima pureza e idade semelhante.

Mélanie Monteiro

Fotografia: Notícias de Vila Real