Em situações adversas a mente vira-se às avessas

Em situações adversas a mente vira-se às avessas

Atribuir-se-à, incontestavelmente, uma conotação negativa a este título. Já para não falar na quantidade indeterminada de flashbacks de momentos de inquietação que nos vêm à cabeça. “Aquele dia foi para esquecer”, todos temos esse dia ou aquele ano. Na verdade, a duração de um momento mau não é relevante. Dois segundos podem assemelhar-se a dois séculos, mas numa situação a longo prazo passamos a habituarmo-nos, talvez por não sabermos reverter o problema ou não termos controlo total sobre ele.

No contra relógio da vida perdemos pessoas, perdemos tempo a procrastinar, perdemos tempo a construir uma aparência agradável aos olhos dos outros, perdemo-nos a nós, perdemos tudo, mas ninguém perde um segundo que seja para pensar no impacto que as suas ações poderão ter. Ainda assim, algumas ações espontâneas, apesar de causarem constrangimentos, tornam-se engraçadas. Por exemplo, quando alguém cede passagem ao outro, mas ficam num impasse. Acabam por chocar e continuar sem saber quem passa primeiro. Nunca sabemos lidar com esse tipo de embaraço, mas não é dos piores.

Condições adversas, ninguém está preparado para as viver. A instabilidade não se baseia em dramas e dilemas. Não basta saber optar por “isto ou aquilo”. Não se tratam apenas de colapsos mentais ou decisões mal pensadas. Nem sempre temos o controlo de tudo. O ser humano acha-se tão imponente, mas não passa de um indivíduo tão débil e o panorama mundial tem vindo a demonstrar isso mesmo.

Há profissões em que, inevitavelmente, os trabalhadores têm de se expor a condições absurdas. No caso dos militares, são submetidos a testes de resistência, não apenas física, mas também psicológica, o que para muitas pessoas seriam condições desumanas.

Nem todos nascemos num berço de ouro. No entanto, desde o nascimento vamo-nos adaptando ao nosso “habitat”, às nossas condições. Seria um impacto enorme ter de mudar tudo. O cérebro entra em conflito! Quando não sabemos bem o que fazer acabamos por não fazer absolutamente nada.

A capacidade de resiliência difere de pessoa para pessoa e de circunstância para circunstância. Nem tudo o que nos afeta poderá afetar outras pessoas. Ainda assim, o homem é o único ser capaz de se adaptar a tudo. Onde há determinação, há esperança.

Isto para vos dizer que não devem desistir dos vossos objetivos. Já começaram a operação biquíni 2020? Nem eu! Cancelem e afoguem as mágoas em cookies e chocolates. A vida são dois dias e a quarentena são…

Inês Monteiro