Bullying, um tema intemporal

Bullying, um tema intemporal

As crianças podem ser o melhor que temos no mundo. Os seres mais verdadeiros e espontâneos, as coisas mais fofinhas, os nossos tesourinhos. Mas são cruéis, muito cruéis por vezes. A verdade é que elas não nascem assim. A sua educação e o meio em que vivem é que as torna dessa forma e a sua pouca consciência faz transparecer nos outros tudo de mau que lhes é incutido. Isso é muito triste.

Os miúdos estão tão habituados aos padrões estabelecidos que, quando se deparam com alguém fora do que é considerado normal, gozam com a pessoa só porque é diferente, gostam de arranjar motivo para implicar. Mas, adivinhem só, ser diferente é bom! Mas há pessoas que não atingem esse pensamento. O bully gosta de se sentir superior, ou lá no fundo tem uma pontinha de inveja da pessoa, e por isso claramente não está feliz nem bem consigo próprio. Rebaixar os outros torna-se na única maneira de se sentir bem. No entanto, toda a gente o acha perfeito e quer ser como ele, ser confiante e destemido quando, na verdade, este é exatamente o oposto.

Pela minha experiência, em ambiente escolar funciona da seguinte forma: há um grupo em que o seu “líder” começa a praticar bullying com uma pessoa mais tímida e diferente, o elo mais fraco que não se consegue defender. Um dos elementos reprova o sucedido, até gosta da pessoa que está ser excluída, mas não tem coragem de enfrentar e corrigir o seu amigo e acaba por alinhar na “brincadeira” (termo que desvaloriza por completo esta problema e que os pais adoram utilizar) com medo de também ficar excluído e ser gozado.

Sim, eu já sofri bullying. Não foi físico mas verbal, que por vezes é o pior. Apesar de ter sido por pouco tempo e por saber que existem pessoas que sofreram muito mais não devemos desvalorizar a nossa situação. Foi numa altura da minha vida em que eu era mais tímida e reservada e não era capaz de me defender. No entanto, essa fase ajudou-me a crescer, a ser uma pessoa melhor e a ver as coisas de outra forma e por isso nunca fui capaz de fazer o mesmo que me fizeram em criança. Hoje em dia sou uma pessoa mais confiante e capaz de responder e me impor, apesar de nem sempre ser fácil.

Se acham que são só as crianças que praticam este ato terrível estão muito enganados. Os adultos também o fazem, mas de uma forma mais discreta. Por vezes não falam diretamente com a pessoa, mas excluem-na por puro preconceito, murmuram com o amigo do lado e riem-se da situação. Sim, eu sei que tentam, mas não conseguem disfarçar, ok? E depois falam sobre isso na frente dos filhos. Sabem o que acontece? Eles fazem pior na escola.

Tudo começa com uma boa educação, quando os educadores transmitirem a importância da igualdade e a desvalorização dos padrões estúpidos da sociedade tudo vai mudar. As crianças vão ser mais felizes e livres de ser quem elas quiserem e por isso nunca vão sentir a necessidade de criticar e rebaixar ninguém.

Vera Lopes